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Estado de Minas

O acidente que a PM não viu

Depois de cansar de esperar policiais para registrar ocorrência, envolvidos em batida em Venda Nova desistem e deixam local. Samu levou mais de uma hora para chegar


postado em 28/07/2012 06:00 / atualizado em 28/07/2012 07:19


Sob um sol de 30°C, o promotor de vendas Daniel Henrique de Araújo Santos, de 22 anos, se contorcia de dor enquanto era ajudado por quem estava ontem na Rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova. Depois de bater com a moto em dois carros, ele machucou o peito, as pernas e a cabeça. Do jeito que caiu, Daniel ficou: estirado entre a calçada e o pavimento sobre uma vala onde corre esgoto. A moto, caída, atrapalhava o trânsito. O atendimento especializado demorou uma hora e 20 minutos para chegar. A Polícia Militar foi chamada para registrar o acidente, mas não apareceu. Dois carros da corporação e um da Polícia Civil passaram pelo jovem que precisava de ajuda e o ignoraram. Depois que o Samu atendeu Daniel, a moto dele foi levada por familiares e os envolvidos também decidiram não esperar mais pela polícia para fazer a ocorrência. Para as estatísticas de trânsito, o acidente com ferido nunca ocorreu por falta de registro.

O caso de Daniel ilustra como a morosidade dos atendimentos de urgência, perícias e policial afetam mais do que o trânsito, trazendo reflexos no planejamento de combate a acidentes e projetos de tráfego, uma vez que acidentes graves como esse deixam de ser registrados. Quando chegou ao local onde Daniel estava estirado, os agentes do Samu justificaram a demora e insistiram para que a Polícia Militar fosse chamada, mas os policiais não apareceram. “Só temos três equipes na região (Venda Nova). Duas estavam empenhadas em outras chamadas”, justificou um dos socorristas. “Toda vez é a mesma coisa. A gente pode demorar um pouco, mas a perícia da Polícia Civil e o boletim de ocorrências da PM demoram muito mais. Quem se envolve em acidente fica o dia inteiro por conta”, acrescenta.

Ansioso, andando de um lado para o outro, um dos envolvidos no acidente com a motocicleta, o empresário Clóvis Roberto, de 47 anos, disse ter chamado a PM pelo telefone logo que o acidente ocorreu. Ele garantiu ainda que correu até militares que estavam com as motos estacionados no quarteirão ao lado. “Não quiseram vir nem para colocar uns cones, organizar o tráfego ou chamar o socorro mais rápido. Disseram que, como não eram policiais de trânsito, isso não era obrigação deles”, conta Clóvis.

Ajuda

 
Quem passava por perto acabou ajudando o motociclista. O técnico em enfermagem Fabiano Rodrigues, de 25 anos, orientou o dono de um carrinho de água de coco a imobilizar com as mãos o pescoço do acidentado. Uma senhora que caminhava na calçada abriu uma caixa de papelão e improvisou sombra para aliviar o sol forte. Outra mulher que trabalha trouxe um guarda-chuva para ajudar.

Quando o Samu chegou, levou apenas cinco minutos para remover Daniel para o Hospital Risoleta Tolentino Neves, não sem antes o socorrista ter insistido para que a Polícia Militar fosse acionada novamente. Como ninguém da corporação apareceu, três parentes da vítima levantaram a moto para levá-la para uma picape. A PM é necessária nessas horas para que registrar a ocorrência, orientar a remoção dos veículos e preservar a fluidez do trânsito. Como isso não ocorreu, os parentes de Daniel ergueram o veículo amassado sem qualquer orientação. Sobre as peças quentes o combustível do tanque começou a vazar.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que a demora em atender o paciente ocorreu porque ele estava “estabilizado e consciente”. Ainda de acordo com a secretaria “no momento em que foi solicitado o resgate, todas as ambulâncias do serviço e também do Corpo de Bombeiros estavam em atendimento. Uma ambulância que estava na central do Samu, localizada na Região Noroeste (Bairro Coração Eucarístico), sendo higienizada e equipada para novo resgate”. O tempo de atendimento ideal seria de 12 a 14 minutos, de acordo com a secretaria.


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