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Estado de Minas

Radares fixos viram quebra-molas de luxo em BH

Medição por aparelho móvel comprova que motoristas pisam fundo no acelerador logo que ultrapassam equipamentos de fiscalização instalados em algumas das principais vias de BH


postado em 28/06/2012 06:00 / atualizado em 28/06/2012 06:50

DIANTE DO OLHO ELETRÔNICO - Obedientes até demais, motoristas passam abaixo do limite de 60km/h pela curva do Ponteio(foto: Fotos: Paulo Filgueiras/Em/D.A Press)
DIANTE DO OLHO ELETRÔNICO - Obedientes até demais, motoristas passam abaixo do limite de 60km/h pela curva do Ponteio (foto: Fotos: Paulo Filgueiras/Em/D.A Press)


Obstáculos pontuais, os radares fixos que multam e deveriam controlar a velocidade do tráfego nas vias de Belo Horizonte se tornaram equipamentos ultrapassados, que não têm conseguido fazer com que motoristas cumpram o limite estabelecido após passar pelo aparelho. Foi o que constatou a equipe de reportagem do Estado de Minas em quatro das mais importantes e perigosas avenidas da capital, nas quais apenas 300 metros depois da fiscalização os condutores voltam a acelerar fundo. No Anel Rodoviário e nas avenidas Nossa Senhora do Carmo, Raja Gabaglia e Carlos Luz, 414 veículos foram monitorados com um medidor móvel de velocidade. Desses, 151 (36,4%) estavam acima da velocidade máxima permitida, sendo que 70 (17%) superaram inclusive a tolerância de 10% para emissão de multas e perda de pontos na carteira.

PELAS COSTAS DA VIGILÂNCIA - Apenas 300 metros depois, condutores já ultrapassam em quase 50% a máxima permitida(foto: Fotos: Paulo Filgueiras/Em/D.A Press)
PELAS COSTAS DA VIGILÂNCIA - Apenas 300 metros depois, condutores já ultrapassam em quase 50% a máxima permitida (foto: Fotos: Paulo Filgueiras/Em/D.A Press)
O local onde a velocidade mais alta foi alcançada fica logo após o radar fixo em frente ao Cemitério da Paz, na Avenida Presidente Carlos Luz, Bairro Caiçara, Região Noroeste. Naquele ponto, o radar móvel flagrou um BMW que ultrapassou a barreira do monitoramento de 60 km/h e, 300 metros depois, entrou em curva fechada desenvolvendo 89 km/h. Em segundo lugar no quesito velocidade máxima medida ficou a Avenida Nossa Senhora do Carmo, via que somou maior quantidade de motoristas ultrapassando os limites. Foi lá que, logo após a lombada eletrônica na altura da curva do Ponteio, um Honda Civic desceu acelerando a 87 km/h. Outra evidência da ineficácia do controle nas pistas veio do laudo sobre as causas do último grave acidente na via, envolvendo uma carreta que matou três pessoas. Divulgado ontem, o documento aponta o excesso de velocidade como causa essencial do desastre .

Na Avenida Raja Gabaglia, divisa das regiões Centro-Sul e Oeste de BH, o carro mais rápido flagrado 300 metros após o radar marcou 78 km/h. No Anel Rodoviário, onde a tolerância é maior, de 70 km/h, um Siena chegou a 82 km/h logo após passar pelo aparelho de controle.

Outro índice que mostra que os radares não têm intimidado os motoristas é o aumento de multas por aparelho. De acordo com a BHTrans, em 2010 os 37 medidores fixos aplicaram 216.094, média de 5.840 por equipamento. O índice cresceu 48% um ano depois, passando para 8.666 multas por máquina. Foram 433.315 infrações emitidas por 50 radares.

‘Paliativo’

Ainda assim, a BHTrans considera que os aparelhos servem para o “controle de velocidade nas vias urbanas”, mas especialistas em transportes e trânsito, ao analisar os resultados levantados pelo EM, discordam que essa função esteja sendo cumprida. “Radar é um paliativo. Não é o ideal para controlar o trânsito, como mostram esses números. O uso deles em alguns pontos pode ser até perigoso, já que leva os motoristas a acelerar depois, para compensar”, afirma o chefe do Departamento de Transportes e Geotecnia da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Nilson Tadeu Nunes. Ele sugere que radares móveis sejam usados nesses pontos, para que os motoristas tenham sempre a sensação de que estão sendo monitorados, o que os obrigaria a obedecer os limites.

O mestre em transportes e professor da PUC Minas Paulo Rogério da Silva Monteiro considera que dispor radares a intervalos muito próximos é uma providência cara demais, mas avalia que, se houvesse sinalização de monitoramento e de limite da velocidade mais ostensiva, isso poderia inibir os abusos. “O radar é válido para pontos críticos. Não funciona para disciplinar na longa distância”, diz.

Para combater o comportamento descrito pela reportagem, a BHTrans informou que usa radares estáticos ou móveis, que podem ser levados para vários locais, ampliando a capacidade de monitorar vias. Contudo, há apenas de três unidades do tipo na cidade. A empresa sustenta ainda que o uso de dispositivos de controle de velocidade preserva, em média, 180 vidas por ano em Belo Horizonte desde sua implantação, em 2000. Segundo a empresa, os equipamentos foram implantados seguindo critérios técnicos, como a possibilidade de acidentes, o histórico de desastre de cada ponto, a geometria das vias e os fluxos de pedestres e veículos.

 

 

Imprudência sem freio

Motoristas aceleram 300 metros depois da fiscalização

Avenida Nossa Senhora do Carmo

» Veículos registrados em 5 minutos: 180

» Maior velocidade medida: 87 km/h

» Acima do limite (60 km/h): 100 (55,5%)

» Acima da tolerância de 10% (66 km/h): 55 (30,5%)

Anel Rodoviário (KM 471 da BR-381)

» Veículos registrados em 5 minutos: 109

» Maior velocidade medida: 82 km/h

» Acima do limite (70 km/h): 28 (25,7%)

» Acima da tolerância de 10% (77 km/h): 4 (3,7%)

Avenida Carlos Luz

» Veículos registrados em 5 minutos: 57

» Maior velocidade medida: 89 km/h

» Acima do limite (60 km/h): 13 (22,8%)

» Acima da tolerância de 10% (66km/h): 9 (15,8%)

Avenida Raja Gabaglia

» Veículos registrados em 5 minutos: 68

» Maior velocidade medida: 78 km/h

» Acima do limite (60 km/h): 10 (14,7%)

» Acima da tolerância de 10%: 2 (3%)


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