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Estado de Minas

BH está à beira do colapso no trânsito

Congestionamento que se espalhou por 50 quilômetros após acidente prova que capital está saturada por obras e carros e se ressente da falta de um plano ágil para emergências


postado em 10/05/2012 06:00 / atualizado em 10/05/2012 07:22

Obras viárias na Região da Pampulha contribuíram para ampliar os engarrafamentos na capital(foto: Rodrigo Clemente/Esp.EM/D.A Press)
Obras viárias na Região da Pampulha contribuíram para ampliar os engarrafamentos na capital (foto: Rodrigo Clemente/Esp.EM/D.A Press)

Cruzar ruas e avenidas de Belo Horizonte de volta para casa, rumo ao trabalho ou à escola se transformou em desafio. E a tarefa pode se tornar intransponível ao menor sinal de anormalidade em um ponto estratégico, seja uma batida sem maior gravidade ou mesmo um veículo estragado. Com a cidade saturada por uma frota que já beira 1,5 milhão de automóveis e não para de crescer, obras travando os principais corredores, falta de agentes para disciplinar o trânsito e um metrô que não avança para tirar carros das ruas, a mobilidade pode entrar em colapso com um simples acidente. Foi o que ficou provado na terça-feira, quando um caminhão atravessado no Anel Rodoviário comprometeu o tráfego nos dois sentidos da via. Com o agravante da chuva, o resultado foram 50 quilômetros de congestionamentos, espalhados pela cidade como em um efeito dominó, e motoristas revoltados nos quatro cantos da capital.

A inexistência de um plano de contingência, que permitiria orientar motoristas no redirecionamento da rota, agrava ainda mais a situação. Isso começou a ficar mais claro do que nunca na terça-feira, às 15h30. Um caminhão-baú atravessado na mureta de proteção do Anel Rodoviário, no km 2, na altura do Bairro Buritis, Região Oeste de BH, fechou duas pistas de uma das vias estratégicas da capital durante uma hora. O tempo foi suficiente para que o caos se instalasse nas ruas e avenidas e atravessasse a cidade. Quase sete horas depois, passando das 22h, alguns pontos ainda apresentavam retenção. Para chegar em casa, houve quem gastasse até quatro horas.

A fila no Anel Rodoviário nos dois sentidos se estendeu até depois das 19h, segundo a BHTrans. Para se livrar de um problema, o jeito foi tentar usar as avenidas Nossa Senhora do Carmo, Amazonas e Antônio Carlos. “Todo mundo veio para a área central, porque foi a única alternativa. E, nessa área, ninguém passa. O pico, que vai, normalmente, das 17h30 até as 19h, se estendeu até depois das 20h”, justificou o diretor de Operação da BHTrans, Edson Amorim de Paula. “Tudo que ocorre todos os dias, como acidentes pequenos, carros parados e ocorrências envolvendo motos, aconteceu, mais o acidente no Anel”, completou.

Para especialistas, situações como essas mostram que passou da hora de criar um plano de contingência, que permita avisar os motoristas sobre locais de retenção e orientá-los com antecedência para desviar. “Nesses casos, deve haver uma resposta rápida. Caminhos diferentes devem ser  programados para receber demanda maior”, afirma o mestre em transportes e consultor da Locale TT, Paulo Monteiro.

Para o também consultor em trânsito Osias Batista, o problema passa ainda pela incapacidade de BH detectar acidentes e outras ocorrências. Ele cita como exemplo São Paulo, cujo Batalhão de Trânsito trabalha com apoio de um helicóptero que sobrevoa a cidade nos horários de pico, informando o órgão gerenciador sobre pontos críticos. “Depois que trava, não é possível fazer mais nada. Se houve acidente no Anel, é preciso desviar o tráfego em determinado ponto. Mas BH não tem velocidade de gerenciamento.”

A BHTrans rebate, dizendo que tem, sim, um plano de contingência, baseado nos agentes de trânsito, nos semáforos (cujo tempo é reprogramado de acordo com a necessidade de fluidez nas vias) e nas câmeras de vídeo. Os avisos aos motoristas, argumenta a empresa, são feitos por meio dos 10 painéis eletrônicos instalados na área central e em alguns corredores, como a Avenida Nossa Senhora do Carmo. Outros nove estão em fase de implantação. “Não tem escapatória, vamos ter congestionamentos nos horários de pico. Há toda uma estratégia, mas isso é natural da cidade, nos adaptamos e ajustamos dependendo da demanda. Temos uma estrutura boa de trânsito em BH. No dia em que há acidente no Rio ou em São Paulo, o congestionamento é 30 vezes maior que o que ocorreu em BH”, argumenta Edson Amorim.


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