Belo Horizonte quer abrir as portas para o mundo e se consolidar como a capital da inovação, da tecnologia de ponta e da ciência. Sem grandes áreas para receber plantas industriais que demandem espaço, sem o apelo de megalópole de São Paulo, a exuberância verde de Manaus, as praias do litoral do Nordeste ou uma estrela para chamar a atenção, como o Pão de Açúcar, no Rio, é investindo no conhecimento que a cidade tem atraído a atenção de grupos que não exigem estruturas físicas consideráveis, mas trazem alto valor agregado. Talvez o principal ícone dessa estratégia, desenvolvida sem grande alarde, bem ao estilo mineiro, seja a gigante Google, que plantou na cidade seu único escritório na América Latina. E a capital já tem um prazo para pôr toda a aposta em uma vitrine de visibilidade planetária: 2014, quando olhos de todos os continentes estarão voltados para a Copa do Mundo e também para o que o país – em especial as cidades sedes – tem a oferecer.
Os quartéis-generais da alta tecnologia, que têm como missão atrair empresas e investimentos, têm endereço e já estão saindo do papel. O primeiro, anunciado há cinco anos, é o Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), na Pampulha, cujo prédio central será entregue até julho. O segundo se ergue em torno de uma ideia simples, mas de objetivo ousado: transformar uma área de 1 milhão de metros quadrados em Cidade da Ciência e do Conhecimento. Nessa área já funcionam instituições que desenvolvem pesquisa, tecnologia, processamento de dados, consciência cultural e ambiental. A grande manobra é a proposta de fazer com que elas atuem em conjunto e funcionem como ímãs para parcerias estratégicas.
O projeto da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) propõe a integração entre as estruturas do Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, Escola Estadual Técnico Industrial Professor Fontes, Fundação Biominas, Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e Plug Minas – Centro de Formação e Experimentação Digital, assim como a extensa área verde do antigo Instituto Agronômico. “Nossa ideia é fazer com que essas instituições conversem entre si, compartilhem o espaço. Para isso, queremos desenvolver o conceito de uma cidade moderna”, explica o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Narcio Rodrigues.