A Câmara de Vereadores de Belo Horizonte aprovou, em segundo turno, o Projeto de Lei 421/2009 que torna obrigatória a instalação de detectores de metais na entrada das escolas municipais da capital. O PL agora aguarda a avaliação do prefeito Marcio Lacerda (PSB). Caso seja sancionada, a lei valerá para instituições que tenham mais de 500 alunos por turno.
O autor do projeto, vereador Cabo Julio (PMDB) justifica o projeto de lei considerando o aumento da violência nas escolas públicas com atos praticados por “jovens delinquentes e pessoas ligadas à contravenção”. Considerando que essas pessoas tem ligação com o tráfico de drogas e armas, o vereador afiram que “torna-se imperioso e urgente coibir a entrada de armas nos centros de ensino e para tal é importante dotar as escolas de equipamentos modernos e eficazes na prevenção de entrada de armas".
Segundo o texto do projeto, a entrada de qualquer pessoa nas escolas ficará condicionada à passagem pelo detector. Caso seja identificada alguma irregularidade, deverá ser feita uma inspeção nos pertences da pessoa. Se a lei for sancionada, as escolas terão 180 dias para instalar os equipamentos.
A ameaça das armas ao ambiente escolar preocupa o poder público. “Muitos professores têm sido reféns da violência dentro das escolas. Professores são ameaçadas dentro da escola. O número de armas apreendidas pela PM e Guarda Municipal cresce. Os detectores serão instalados em grandes escolas, onde há possibilidade de brigas de gangues. A intenção é preservar alunos e professores. Os detectores serão comprados pelo poder público. A prevenção e a vida não tem preço”, afirma Cabo Julio.
Quando questionado sobre o incômodo que o detector de metal pode trazer aos alunos, o vereador afirma que é uma questão de cultura. “Detector é comum, não é para constranger, é para que as pessoas não tentem entrar com armas. Na assembleia, na câmara e nos banco existem detectores. Aos poucos as pessoas vão se acostumando e se conscientizando que o detector é para proteger.”, conclui o parlamentar.
O pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG (Crisp), Robson Sávio, afirma que a legislação pode representar um excesso de punição às questões de violência nas escolas. “Eu não tenho conhecimento totalmente da lei, mas temo pelo excesso de judicialização nesses casos. A minha ressalva em relação à legislação é que incentivemos uma cultura muito punitiva”, afirma.
Ainda segundo Robson Sávio, os problemas de violência nas escolas podem ter outras soluções alternativas à lei. “Existem soluções mais simples, como educação e cidadania ou práticas pedagógicas. Elas são mais democráticas e ficam segundo plano. Vamos punir e aquilo que é tão simples, a busca de soluções pedagógicas que podem diminuir a violência ou bullying. Eu acho que a legislação mostra a preocupação do poder público com a violência, mas tem esse lado perverso da que lei pune", conclui.