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Estado de Minas

Mamógrafo ocioso vai ser investigado

Ministério da Saúde fará auditoria em 780 cidades no país. Em MG, dos 219 aparelhos, 49,3% têm baixa produtividade


postado em 29/04/2011 06:00 / atualizado em 29/04/2011 06:20

Mulheres acima de 40 anos têm direito ao exame que detecta câncer na mama pelo SUS, mas equipamentos operam aquém do esperado(foto: Evandro Matheus/Esp. CB/D.A Press 20/11/09)
Mulheres acima de 40 anos têm direito ao exame que detecta câncer na mama pelo SUS, mas equipamentos operam aquém do esperado (foto: Evandro Matheus/Esp. CB/D.A Press 20/11/09)

 

Apesar de todos os anos, enxurradas de campanhas alertarem mulheres brasileiras sobre a importância de um diagnóstico precoce para o câncer de mama, a principal aliada nesta guerra no Brasil, a mamografia, não está na batalha como deveria. Dos 1.645 mamógrafos disponíveis na rede pública nacional, 50,87% estão abaixo da capacidade de realização de exames. A situação, que preocupa especialistas e deixa em alerta as mulheres acima dos 40 anos, fez com que o Ministério da Saúde organizasse uma auditoria dos equipamentos em 780 municípios. Nessa quinta-feira, uma força-tarefa foi instituída: ela terá 10 dias para compor a estratégia de atuação e 60 dias para entregar um relatório. A investigação bate à porta de Minas Gerais, onde dos 219 aparelhos do Sistema Único de Saúde (SUS) 49,3% têm baixa produtividade. Nada menos que 114 municípios mineiros passarão pelo pente-fino do ministério, que mantém os nomes dos lugares em sigilo para não atrapalhar a operação.

Considerado o segundo estado com maior número de mamógrafos, perdendo apenas para São Paulo, com 400 aparelhos na rede pública e à frente do Rio Grande do Sul, com 141, Minas Gerais, segundo estima o Instituto Nacional do Câncer (Inca), registra todos os anos, média de 4 mil novos casos de câncer de mama em mulheres. “O índice de máquinas ociosas no estado é preocupante, daí, o papel efetivo da mamografia perde sua eficácia”, alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), regional Minas Gerais, João Henrique Penna Reis. Ele ressalta que o problema é a ponta do icerberg para as condições dos exames atualmente. “Muitos aparelhos estão em lugares onde não há demanda nem profissional capacitado para manipulá-los. Em outros locais, há demanda, mas falta o equipamento. Há prefeituras que compram a máquina sem saber usá-la. É um problema de logística”, diz.

O cenário mineiro foi surpresa para a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES). “É um absurdo. É falta de compromisso com o câncer dos gestores locais de saúde”, ressalta o coordenador estadual do Programa de Prevenção do Câncer de Colo do Útero e de Mama da SES, Sérgio Bicalho, que alega que o estado não gerencia os aparelhos das prefeituras. Bicalho diz que não é possível mensurar quantas mulheres estão deixando de fazer o exame de mamografia no estado. “Existe um déficit regional, nas cidades mais pobres, como as do Norte e Nordeste.”

A Sociedade Brasileira de Mastologia chegou a se reunir com o Ministério da Saúde para expor a situação. “Os países desenvolvidos têm uma forma de rastreamento oficial, acompanhando de perto os exames dessas mulheres: elas recebem um convite de agendamento dos exames, até com horário marcado. No Brasil, há essa recomendação mas a organização não ocorre dessa forma. Com isso, a cobertura fica precária”, reclama João Henrique Penna, lembrando que um mamógrafo tradicional chega a custar US$ 100 mil (R$ 158 mil); os com tecnologia digital, U$ 150 mil (R$ 237 mil).

“Se comparado ao benefício que ele traz, o equipamento, se bem usado, reduz custos na saúde pública. Ele é a principal arma para identificar tumores que estão começando na mama, e que, por serem pequenos, não são diagnosticados pelas mãos. Isso faz uma diferença enorme, pois o tratamento, iniciado assim que se detecta alguma coisa, é bem mais barato e menos agressivo. A máquina salva vidas e também reduz custos do SUS”, enfatiza.

CAPITAL  Em Belo Horizonte, onde são 25 equipamentos, apesar de a secretária-adjunta municipal de Saúde, Suzana Rates, orgulhar-se do equilíbrio entre oferta e demanda na capital, com 100 mil exames feitos no ano passado para uma capacidade de 110 mil, o aparelho no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG) está desde fevereiro sem operar, por problema em uma das peças. A previsão, de acordo com o hospital, é que ele volte a funcionar no fim de maio ou início de junho. De uso interno, os pacientes do HC estão fazendo os exames em outros hospitais. Belo Horizonte tem em média 900 novos casos de câncer de mama em mulheres por ano, e segundo Suzana, o SUS paga por cada mamografia nas duas mamas o valor de R$ 45. Em apenas uma das mamas, o custo é de R$ 22,5.


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