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Estado de Minas

PUC Minas anuncia gratuidade para futuros professores

O Censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), mostra o que especialistas preveem como alarmante num futuro próximo


postado em 21/10/2013 06:00 / atualizado em 21/10/2013 08:00

Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, reitor da PUC Minas(foto: Marta Carneiro/Divulgação/PucMinas - 8/7/2013)
Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, reitor da PUC Minas (foto: Marta Carneiro/Divulgação/PucMinas - 8/7/2013)
No fim de semana, mais de 7 milhões de estudantes irão fazer o maior vestibular do país, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e concorrer a uma vaga no ensino superior. São alunos que querem ser bacharéis em direito, comunicação, engenharia, entre outros. Poucos, no entanto, têm como perspectiva cursar licenciaturas, cursos que formam professores da educação básica. O Censo da Educação Superior, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), mostra o que especialistas preveem como alarmante num futuro próximo. O baixo interesse dos vestibulandos pode resultar em salas de aula vazias e já gera mudanças em instituições de ensino, como a PUC Minas, para tentar atrair estudantes.

Em Minas Gerais, o número de matrículas em licenciatura teve o menor aumento (1,8%) em relação a bacharelado (5,9%) e tecnólogo (4%). A comparação foi feita entre 2011 e 2012. A estimativa do MEC é de que hoje faltam 170 mil professores de matemática, física e química nos ensinos fundamental e médio no país. O ministério esclarece que as aulas estão sendo ministradas, mas por profissionais não licenciados, ou seja, um engenheiro designado para dar aulas de física ou química, um professor de física para preencher a necessidade de um de matemática.

Percebendo que a situação começa a ficar insustentável, a PUC Minas elabora plano para tentar levar interessados na profissão para as graduações. O principal ponto é oferecer bolsas integrais para quem for aprovado nos cursos de ciências biológicas, ciências sociais, educação física, filosofia, física, geografia, história, matemática, letras e pedagogia. Para cada curso, serão oferecidas, já a partir de fevereiro de 2014, 30 bolsas de estudo. Hoje, segundo o reitor dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, a média é de que, a cada 60 vagas ofertadas por semestre, apenas 20 aprovados façam a matrícula. Em todo o decorrer do curso até a formatura, o problema permanece. A média de ocupação no Instituto de Ciências Humanas é de 25% do total de 480 alunos que deveria ter, considerando oito semestres para completar cada curso. A situação mais preocupante é na matemática e física, que não chegam a 20% de ocupação.

Antes de o Plano Estratégico de Referência para a Formação de Professores da Educação Básica começar a ser feito, em julho deste ano, a PUC já vinha fazendo mudanças drásticas nas licenciaturas. Segundo dom Mol, turmas foram fechadas por causa da baixa demanda. Letras, por exemplo, não é mais ofertado nos câmpus São Gabriel e Betim, assim como letras/espanhol, que foi extinto do câmpus Coração Eucarístico. O curso de matemática foi fechado na PUC Betim, e geografia, em Contagem. “Infelizmente, o magistério, a docência, essa vocação transformada em profissão é extremamente desvalorizada. Tem uma remuneração aquém daquilo que o professor necessita para ser bom e um cidadão digno dentro da sociedade”, analisou o reitor. Para ele, o olhar da sociedade mudou nos últimos anos: “A cultura agora é técnico-científica e acabou sendo hegemônica, sufocando o outro viés”.

Em abril deste ano, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.796, que fez mudanças na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). E a medida que mais vai impactar na demanda de professores é a obrigatoriedade de que, a partir de 2016, as crianças sejam matriculadas na educação básica aos 4 anos e terminem aos 17. São mais quatro anos na escola. “O país vai precisar de ainda mais professores, na educação infantil e no ensino fundamental. As duas pontas serão ampliadas, mas é preciso oferecer formação efetivamente sólida, senão será mais do mesmo”, afirmou o professor de política educacional Carlos Roberto Jamil Cury.

Causas

Ele analisa que esse desgaste nas licenciaturas tem causas remotas e recentes. “Já se sabe da ausência de uma formação sólida do professor, da falta de planos de carreira no sistema de ensino dos estados e municípios, que gerem expectativas de avanço, de subida, e, finalmente, os salários são muito reduzidos.” Para o especialista, houve uma expansão das instituições de ensino superior que, para obter maiores lucros, diminuíram a oferta das licenciaturas e a formação. “Isso gera uma baixa atratividade e desânimo por parte dos futuros docentes.” Por outro lado, segundo ele, existem licenciados no país em número suficiente para preencher as vagas no sistema de ensino. “Mas eles não se fazem docentes”, afirmou.

Segundo Newton de Souza, diretor do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-MG), a estimativa é de que o número de alunos de licenciatura em todo o país tenha caído cerca de 60% nos últimos seis anos. Para ele, isso deve à desvalorização da carreira. “O professor hoje é totalmente desvalorizado. Entre os fatores que o levam a querer deixar a profissão estão violência, seja na escola pública ou particular, desinteresse dos alunos e até exploração do trabalho. Hoje, o professor precisa ficar conectado com o aluno até nos fins de semana. Isso além do baixo salário”, afirmou.

Programa Federal

Em agosto, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou que o governo federal está fazendo um plano nos
moldes do programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde, para atrair professores para as regiões mais carentes do país.
O Programa Nacional de Professores Visitantes da Educação Básica visa a atingir principalmente as áreas mais debilitadas, como matemática, física, química e inglês.


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