Fim da angústia com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é hora de cruzar os dedos à espera do gabarito oficial. De acordo com o edital, o resultado deve sair até quarta-feira, mas a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pela prova, Malvina Tuttman, já adiantou que os dados podem ser divulgados até amanhã. O teste reuniu 3,95 milhões de candidatos no fim de semana e o balanço final indica abstenção de 26,4%. Em Minas, 166 mil inscritos deixaram de comparecer aos locais da avaliação.
Domingo, último dia do exame, a redação comprovou que o Enem é realmente espelho do cotidiano dos brasileiros. O tema “Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado” agradou à maioria dos estudantes, que o considerou fácil. “O assunto foi bom, atual e tranquilo de desenvolver. Argumentos sobre a internet todo mundo tem”, disse Roger Barakat, de 19 anos, candidato ao curso de ciências sociais que fez o exame no Colégio Municipal Marconi, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Na prova, a mais valorizada no Enem e dona da maior pontuação – mil pontos –, os estudantes puderam usar dois textos de referência. O primeiro abordava a relação entre a internet e a reputação das pessoas. O segundo mostrava como a rede mundial de computadores influencia a vida de indivíduos e empresas e lembrava que a ONU declarou o acesso à web um direito básico. Também como apoio, havia uma charge do cartunista André Dahmer.
O segundo dia de avaliação também teve 90 questões das áreas de matemática e linguagens e códigos. Para Fagner Egídio Gomes, de 19, aluno do 3º período de sistema de informação de uma faculdade particular, as provas do domingo foram “moleza”. “Tirei de letra a matemática, e a redação também foi totalmente dentro da minha área”, diz o jovem, que vai usar a nota do Enem para disputar vaga na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Seguindo a tendência do primeiro dia, quando foram aplicados testes de ciências da natureza e ciências humanas, candidatos reclamaram de enunciados longos e cansativos.
O Enem será usado como passaporte em todas as universidades federais do país, que vão aproveitar a nota para substituir integral ou parcialmente o vestibular. Na principal instituição de ensino superior do estado, a UFMG, o exame fará o papel da primeira etapa do concurso, selecionando candidatos para a segunda fase do vestibular. O uso da nota pela federal de Minas é razão de expectativa para candidatos como a costureira Helena Mendes de Souza, que aos 68 anos decidiu dar uma guinada na vida e disputar vaga na graduação.
PAZ TOTAL
Ontem, a tranquilidade foi a marca dos principais pontos de prova em Belo Horizonte, ao contrário do sábado, quando a chuva e o trânsito confuso foram os grandes vilões do Enem. Candidatos saíram mais cedo de casa para evitar o caos e ainda contaram com o apoio incondicional das famílias, que transformaram o exame em programa de domingo. A adolescente Amanda Caroline dos Santos, de 17 anos, foi uma das paparicadas pelos pais corujas. Nem mesmo a chuva forte e o frio de 16 graus intimidaram o casal Márcio e Érica dos Santos, que fez questão de acompanhar a filha na PUC Minas Coração Eucarístico.
Carinho da família
Colo de mãe, abraço de pai e beijo de namorado para aliviar a tensão do Enem. As famílias tiveram papel essencial na vida dos milhões de candidatos que, no fim de semana, encararam a maratona de testes em todo o país. Com provas de amor e carinho incondicionais, muitos trocaram o sossego de casa no domingo para estar ao lado dos estudantes na avaliação usada para substituir ou incrementar os tradicionais vestibulares em todas as universidades federais brasileiras e em várias faculdades particulares. Foi o caso de Márcio e Érica dos Santos, que estiveram ao lado da filha Amanda Caroline dos Santos, de 17 anos, no exame de ontem, em BH. Apertados debaixo de uma mesma sombrinha, os três não se desgrudaram até a abertura do portão principal da PUC Minas. “A família precisa estar unida nesse momento, que é tão pesado para os adolescentes. Nossa presença dá a eles mais segurança e tranquilidade”, disse o pai. Para Amanda, candidata ao curso de engenharia de minas, o carinho é uma forma de incentivo. “Eles me dão força para que eu faça a minha parte.”