A lona imaginária sobe pela 10ª vez. É armada de madrugada, a gente não vê. De manhã cedinho está lá, pronta para receber ação. Quem já foi a um cirquinho desses que rondam a periferia e, invariavelmente levam à cena a eterna peça O filho pródigo, sabe como eles abrem a sessão. Geralmente, com um mambo. Então, vamos lá, introdução para mambo: “Pampanranran, panranranranran, papanpam”. E dê aquilo gritinho de mambeiro “ihhh”. Pronto, abrem-se as cortinas. Manhã fria de segunda-feira, parece que não vai haver público. Três mulheres, apenas, da seção de Contagem da União Brasileira de Mulheres (UBM) para torcer contra o Bola. Pô, cadê a mulherada unida contra a violência? Ou é porque o Bruno abandonou a lona? E chega a deputada Jô Moares. Aí, a mulherada fica assanhadíssima e chegam mais duas para formar uma multidão de seis. Mas o efeito “ausência do Bruno” não se abateu apenas sobre as mulheres. Havia menos 985 microfones, gravadores, iPads e câmeras na arena. Nem o supostamente crucificado apareceu. Ou o pegaram para Cristo na semana santa e esqueceram de ressuscitá-lo ou ele arranjou serviço, como sugeriu o advogado Lúcio Adolfo, o Pastinha, na época do julgamento do Bruno.
Enquanto Salim é cercado pela imprensa ávida por novidades, chega o João Franklin, corpo de homem, coração de mulher. A rainha dos desfiles da Banda Mole de Contagem. Traz um monte de ossos de boi e sobre eles deposita um raminho. “É o ‘joi’ e o trigo.” Não é joio? “É, isso mesmo, ‘joi’.” O trigo é a justiça. O joio, os benefícios da lei. Mal João deposita o despacho, chegam os serventuários da Justiça, em greve por melhor salário. A maioria mulheres. Quando Quaresma chega, é recebido com apitaço pelas manifestantes. Mas o advogado do Bola dá-lhes um tapa de luva. Pega uma pá (um monte, um bolo, sabe, né?) de adesivos do movimento e leva para o plenário. Enfeita o peito de todos os colegas, até o do Arteiro, o assistente de acusação.
Envergando o adesivo, o Quaresma peitou a promotoria. Nesse particular, surgiu um fato esclarecedor. Sabe quando o jovem escreveu no Enem a receita do macarrão instantâneo? Aquele que faz menino bocudo e criado pela TV berrar no supermercado: “Mamãe, eu quero Nissin Miojo, eu quero, e pronto!!!”. Pois é. Houve quem dissesse que o cara estava zombando do exame. Não estava. O produto tem alto conteúdo acadêmico. O promotor Henry Vasconcelos até o usou para minimizar uma ação da defesa do Bola. Disse que em novembro os advogados levaram o tempo para o cozimento de cinco pacotinhos do instantâneo para adiar o julgamento. Você sabe o tempo de preparação de cinco pacotinhos de Miojo? Quem mais se aproximar ganha um passeio por Contagem de mãos dadas com o sargento Salin e a rainha João Franklin, as duas figuras mais populares da cidade.