Ao defender, pelas redes sociais, a reativação do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, mais conhecido como aeroporto da Pampulha, localizado no Norte da capital, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) reacendeu nesta quarta-feira a discussão polêmica entre os moradores da região e provocou a reação ao projeto da concessionária do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana da cidade, a BH Airport.
Enquanto o consórcio vencedor da licitação para administrar o terminal internacional alega que investiu R$ 870 milhões com a garantia de que não haveria um concorrente na região, quem vive próximo ao aeroporto da Pampulha reclama dos riscos de acidentes e danos ambientais.
Embora reconheça que o contrato formal não destaque nenhuma cláusula garantindo que a Pampulha não operaria aviões a jato – aqueles maiores, com capacidade mínima para transportar 110 passageiros –, a BH Airport argumenta que houve entendimento com os governos estadual e federal de que o aeroporto de Belo Horizonte seria mantido apenas com voos executivos e regionais, com modelos ATR, para até 72 passageiros. “O contrato foi feito para fortalecer Confins. Criar novas funções para a Pampulha agora não é algo de muito senso”, disse Paulo Rangel, diretor-presidente da BH Airport.
Segundo o executivo, estudos internacionais mostram que em cidades do mesmo porte de Belo Horizonte só é viável a operação de dois aeroportos se houver média de 35 milhões de passageiros por ano. A capital mineira, observa Rangel, tem 10,65 milhões de passageiros em média anual. O presidente da BH Airport afirmou, ainda, que a discussão em torno de uma reativação da Pampulha será avaliada pelo consórcio.
“Esse é um risco que não estava mapeado no nosso estudo para 30 anos (de operações)”, ressaltou. Uma decisão sobre o terminal de BH depende de parecer a cargo do Ministério dos Transportes. Por meio de sua assessoria de imprensa, a pasta informou que o assunto está em estudo.
A Associação dos Moradores dos Bairros São Luiz e São José, a Pro-Civitas, desafia o prefeito Alexandre Kalil a visitar o aeroporto no início da manhã e no começo da noite, horários considerados mais congestionados e problemáticos para quem vive próximo ao terminal. “Lamentável que o prefeito de uma cidade como Belo Horizonte queira desprezar Confins e reativar a Pampulha. É totalmente inapropriado. Você tem sala de embarque reduzida, a pista só comporta seis aeronaves de grande porte, o trânsito é caótico e não tem um estacionamento próprio”, diz o associado da Pro-Civitas Carlos Conrado Pinto Coelho, aviador, piloto de provas e perito em acidentes aeronáuticos.
Mobilidade para Confins
A população local também reclama da poluição sonora e do trânsito caótico, além do risco de acidentes numa área residencial. “Você não tem um corredor aéreo definido e os helicópteros e aviões passam sobre os grandes prédios a baixa altura”, reclama Carlos Conrado. Para ele, a Prefeitura da capital deveria dedicar seus esforços para um projeto de mobilidade que dê mais rapidez ao deslocamento até o aeroporto de Confins.
Na noite de terça-feira, Alexandre Kalil postou nas redes sociais Twitter e Facebook que “Belo Horizonte precisa de um aeroporto. Precisamos reativar o Aeroporto da Pampulha – Carlos Drummond de Andrade. Vamos lutar por isso”. A expectativa era de que ontem ele anunciasse medidas que vai tomar em relação ao assunto, o que não ocorreu. A assessoria de imprensa do prefeito informou apenas que ele vai se empenhar junto ao governo federal e à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para levar novos voos para a Pampulha.
Operam, atualmente, no aeroporto apenas voos com aviões de pequeno porte, trajetos em sua maioria regionais. Em agosto do ano passado, foi implementado o Projeto de Integração Aérea Regional (Pirma), com voos que ligam 17 municípios mineiros a Belo Horizonte, por meio de aeronaves de pequeno porte. O projeto foi lançado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e pela Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), para aumentar o movimento do terminal.