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Estado de Minas NO TOPO EM 12 ANOS

Custo de vida sobe 9,56% no Brasil nos últimos 12 meses até julho, maior taxa desde 2003

Alta ocorreu dos alimentos aos serviços


postado em 08/08/2015 00:12 / atualizado em 08/08/2015 07:24

A inflação pressionou um pouco menos o orçamento das famílias brasileiras de junho para julho, ao ceder de 0,79% para 0,62%, mas o alívio foi insuficiente para conter o avanço dos preços nos últimos 12 meses até julho, quando a variação do custo de vida alcançou 9,56%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a maior taxa já vista no país do indicador oficial da inflação desde novembro de 2003 (11,02%). Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o IPCA atingiu 8,31% em idêntica base de comparação, embora tenha havido recuo de 0,72% em junho para 0,64% no mês passado.

Os números divulgados ontem pelo IBGE mostram que não se pode atribuir a elevação dos preços nos últimos 12 meses à remarcações pontuais de produtos como a cebola, o tomate, passagens áreas ou contas de energia. A alta é generalizada, dos alimentos ao custo dos serviços. Considerando-se os meses de julho na série histórica nacional do indicador, o IPCA do mês passado foi o mais elevado desde 2004, quando atingiu 0,91%. Com isso, a inflação do ano chegou a 6,83%, bem acima dos 3,76% de igual período de 2014, e já superando toda a variação do ano passado, de 6,41%.


Na Grande BH, o IPCA acumula 6,54% em 2015. No mês passado, foi a sexta maior variação entre as 13 áreas pesquisadas. Com diferente metodologia de levantamento de preços, a Fundação Ipead, vinculada à UFMG, apurou no município de BH alta de dois dígitos (10,14%) nos últimos 12 meses até julho, maior taxa em 11 anos.  Nesse cenário de aperto do orçamento, a população tem sentido no bolso que a crise não deverá ser tão passageira como se esperava. “Tudo está ficando tão caro, que assusta. Antes, as minhas despesas representavam 25% do orçamento, e hoje chegam a 40%”, indigna-se o taxista Claudemir do Santos Silva. Ele conta que o volume de corridas na capital  caiu cerca de 30% com a retração na economia.

“Enquanto isso, os produtos só aumentam. Tive que retirar minhas duas filhas da escola particular, passei a fazer bico vendendo relógios e não estou otimista para os próximos meses”, lamenta Claudemir, destancando que os colegas de profissão reclamam da mesma situação de arrocho. Os reajustes são generalizado e vêm aumentando, observa Antonio Braz de Oliveira e Silva, analista do IBGE em Minas. “É reflexo de uma conjuntura de fatores, que vão desde a pressão climática, execesso de demanda, ao aumento do salário mínimo”, comenta.

Procurar culpados, pelo menos para a inflação, já não é tarefa simples. Isso porque, no Brasil, de acordo com o  IBGE, as contas de energia lideram o ranking das principais contribuições individuais para o índice, mas as tarifas de água e esgoto, gastos com habitação, alimentação e planos de saúde também tiveram alta. Na Grande BH, dos 247 produtos e serviços pesquisados (subitens), 152 apresentaram variação positiva de preços (61,5%) em julho último, antea 145 (58,7%) no mesmo mês do ano passado. Já para o Brasil, dos 373 produtos e serviços pesquisados, 245 (65,7%) apresentaram variação positiva em julho deste ano contra 220 (59,0%) em idêntico período de 2014.

Segundo Antonio Braz, em julho do ano passado, na Grande BH, o índice era de 6,25%. “Agora, a taxa de 8,31%, no acumulado de 12 meses, representa alta considerável. Em algumas regiões, como Curitiba, por exemplo, está acima de 10%. O índice vem aumentando e tem espaço para crecer mais”, avisa. Ele observa que a decisão do Banco Central de elevar os juros básicos da economia (a taxa Selic) para conter o fôlego dos preços leva tempo para surtir efeito.

O coordenador do curso de economia da escola de administração e negócios Ibmec e doutor em economia, Márcio Salvato, diz que o país vive a inflação de custos e, não mais, de demanda, aquela decorrente da pressão de compra dos consumidores. “Não há um produto específico que puxou o índice. Há um núcleo de inflação que está subindo e, para melhorar, será preciso piorar. A atividade econômica tem que dar uma travada, por isso, a preocupação do Banco Central com a alta dos juros”, avalia.

Para a estudante Lara Machado, a situação já está chegando ao limite. Assustada com o fôlego dos preços, ela afirma que tem apertado o orçamento: “O sacolão, o supermecado, a comida fora de casa, as contas de luz e de água. Tudo está caro demais e está difícil dizer o que mais está pesando”, afirma. Lara, que veio da Bahia para estudar Arquitetura em BH, conta que não conseguiu o benefício do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e nem um estágio que ajudaria a pagar as despesas.

A estudante frequenta uma faculdade particular de BH. Entre os hábitos que ela mudou estão o corte de produtos supérfluos e o uso da máquina de lavar uma vez na semana. Ela pensava que, em BH, por ser uma cidade maior que Porto Seguro, sua terrra natal, o custo de vida seria menor, mas se enganou .


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