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Estado de Minas

Bradesco leva HSBC e encosta na Caixa

Oferta de US$ 5,2 bilhões pelas operações brasileiras do banco britânico surpreendeu e precisa, agora, do aval do Banco Central


postado em 04/08/2015 00:12 / atualizado em 04/08/2015 07:48

(foto: VANDERLEI ALMEIDA/AFP)
(foto: VANDERLEI ALMEIDA/AFP)

Brasília –
O acordo de compra das operações do HSBC no Brasil pelo Bradesco, anunciado ontem, implica desembolso de US$ 5,2 bilhões – cerca de R$ 17,6 bilhões – pela instituição brasileira e ainda depende do aval do Banco Central. Em valor de ativos referentes a dezembro do ano passado, com o negócio o Bradesco soma R$ 1,051 trilhão, ficando colado à Caixa Econômica Federal (R$ 1,065 trilhão), mas não ameaça o Itaú (R$ 1,118 trilhão). O top do ranking pertence ao Banco do Brasil (R$ 1,325 trilhão). O valor da compra desagradou os analistas de bancos e corretoras, que consideravam cifra não superior a US$ 4 bilhões (R$ 13,7 bilhões).

A repercussão do anúncio de compra pelo Bradesco derrubou os papeis da instituição financeira. A aquisição foi o principal acontecimento do pregão de ontem. As ações ordinárias do banco comprador caíram 0,93%, cotadas a R$ 27,40, e as preferenciais tiveram queda de 3,11%, precificadas em R$ 26,43, enquanto os papéis da holding do HSBC subiram 1,60% na bolsa de Londres. Enquanto o aval do BC não sai, a coordenadora institucional da Proteste Associação de Consumidores, Maria Inês Dolci, recomenda que os clientes do HSBC certifiquem-se de ter em mãos todos os documentos que comprovem qualquer prestação de serviço pelo banco e evitem quaisquer desgastes que possam ocorrer. Maria Inês obsevou que, na compra do Unibanco pelo Itaú, em 2008, a entidade constatou algumas irregularidades.

“Muitos consumidores do Unibanco não tinham guardado ou não solicitaram o contrato de abertura ou mesmo os termos de empréstimo, financiamento ou aplicações. Criou-se uma dificuldade em comprovar se havia realmente algum descumprimento ou problema na prestação do serviço. E isso que prejudicou os consumidores”, explicou Maria Inês. Em comunicado divulgado ontem, o Bradesco afirmou que os clientes do HSBC continuarão a ser atendidos da forma habitual e, após a conclusão da operação, passarão a contar com todos os produtos, serviços e comodidades oferecidos pelo Bradesco. A operação brasileira do banco teve prejuízo de R$ 549 milhões no ano passado.

A compra do HSBC já causa preocupações a alguns especialistas. Para o consultor José Luiz Rodrigues, da JL Rodrigues, a operação financeira vai ampliar a concentração bancária no país. “A concentração já está altíssima. Temos seis bancos que movimentam mais de 80% do movimento de ativos no país. Cada vez mais sobra menos espaço para pequenos e médios bancos especializados concorrerem no mercado”, enfatizou.

O consultor e ex-economista chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) Roberto Luis Troster não avalia o assunto como um problema. “Não existe isso (de concentração). Do ponto de vista do Bradesco, a instituição vai ganhar mais em eficiência e poder de mercado. Vai acelerar o seu crescimento, ampliando o número de clientes e aumentando os custos. Isso provocará a redução do custo comunitário médio”, disse.

Reestruturação Depois da confirmação da venda, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) solicitou uma reunião com as direções do Bradesco e do HSBC para tratar de demissões. Em junho, o HSBC anunciou um processo de reestruturação das operações em todo o mundo que vai provocar a demissão de 25 mil funcionários, inclusive no Brasil. “A transação nos surpreendeu pela quantia envolvida. Se o banco tem um valor acima do esperado é porque seus trabalhadores têm muita qualidade. Isso ajuda muito a negociação pela manutenção dos postos de trabalho”, comunicou, em nota, o presidente da entidade, Roberto von der Osten.


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