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Estado de Minas

Inflação afeta mais as famílias pobres desde o início do Real

Na Grande Belo Horizonte, justamente as famílias menos abastadas são as que mais sentem os efeitos da disparada dos preços


postado em 05/03/2015 11:13 / atualizado em 05/03/2015 12:05

Em julho de 1994, quando o real entrou em circulação, Fernando Henrique Cardoso propagandeou que todo brasileiro passaria a ter condições de comer carne. O então presidente da República se referia ao fato de o quilo do frango, um dos símbolos da atual moeda, custar naquela época R$ 1. De lá para cá, o real cumpriu seu papel de pôr fim a uma inflação galopante, a qual havia atingido quase 2.500% em 1993. Por outro lado, na Grande Belo Horizonte, justamente as famílias menos abastadas são as que mais sentem os efeitos da disparada dos preços.

Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação dos domicílios com rendimento de um a cinco salários mínimos (R$ 3.940,00), acumula avanço de 416,93% na era do real, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que calcula o mesmo indicador nas famílias com renda de até 40 pisos (R$ 31.520,00), aumentou 406,35% em igual intervalo. Ambos indicadores são elaborados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e, no caso da capital mineira, com apoio da Fundação Ipead/UFMG.

No acumulado dos últimos 12 meses cheios, encerrado em janeiro, o IPCA na Grande Belo Horizonte subiu 6,27%. No mesmo período, o INPC foi a 6,57%. Esse último percentual superou o teto da meta da inflação nacional estipulada pelo governo federal para todo o ano de 2015 (6,5%) – o centro da meta foi fixado em 4,5%. Muitos economistas não descartam a possibilidade de o indicador superar o teto da meta no período de janeiro a dezembro, cenário que vem causando imensa dor de cabeça na equipe econômica do Palácio do Planalto.

Eduardo Antunes, economista da Fundação Ipead/UFMG e um dos responsáveis pelo cálculo de ambos os indicadores em BH e cidades vizinhas, avalia que um dos principais motivos de o INPC acumular crescimento superior ao do IPCA na rea do real se deve ao peso dos alimentos na composição desses índices.

“Tradicionalmente, o que mais pesa no INPC é o item alimentos. Teoricamente, ele pesa muito mais no orçamento mensal das famílias com menor renda que no IPCA. O ritmo desses produtos subiu mais do que os não-alimentares”. Nos últimos meses, sobretudo, em razão da forte estiagem que assola todo o país. Para se ter uma ideia, o INPC do grupo alimentação e bebidas aumentou 1,20% apenas em j aneiro último. O percentual foi superior ao do mesmo grupo do IPCA em período equivalente (1,19%).

A explosão dos preços dos alimentos na Grande BH pode ser medida, na prática, pelos preços praticados na unidade de Contagem da Ceasa Minas, o maior entreposto do estado. O valor da batata, por exemplo, saltou 73,3% entre janeiro de 2014 (R$ 0,90) e o mesmo mês de 2015. Em toada parecida, o do tomate longa vida subiu 47,2%, de R$ 0,89 para R$ 1,31. As duas mercadorias, nos últimos anos, estão entre os vilões da inflação. Alguns supermercados e sacolões na capital negociam o quilo do longa vida por mais de R$ 5.

Ricardo Fernandes Martins, chefe da seção de Informações de mercado da Ceasa Minas, explica que a situação do tomate e da bata inglesa é bem parecida: “Parte da culpa foi da estiagem. No caso da batata, o produto vinha de uma sequência de preços muito baixos, portanto, houve redução da área plantada. Ou seja, menor oferta no mercado. A médio prazo, o preço deve cair, pois o produtor fica estimulado com o atual valor”.

Ele acrescenta que, em relação ao tomate, as altas temperaturas estimulam o consumo de saladas: “E o tomate é um dos principais ingredientes”. Novamente, destaca o especialista, entra em cena a lei da oferta e da procura. “Temos que torcer para o clima dar uma ajudinha, porque a situação está complicada”.

INPC NA ERA DO REAL

Cidade INPC IPCA

Belo Horizonte 416,93% 406,35%

Rio de Janeiro 432,54% 421,64

São Paulo 396,95% 363,02

Goiânia 396,89% 372,70

Recife 388,61% 389,84

Belém 397,61% 419,18

Brasília 368,67% 382,52

Curitiba 375,08% 392,29

Porto Alegre 363,87%

Salvador 362,63% 360,16

Fortaleza 351,32% 356,03

Fonte: IBGE

O VAIVÉM DO INPC

Julho a dezembro de 1994 20,24%

1995 21,80%

1996 10,12%

1997 4,89%

1998 2,69%

1999 7,73%

2000 6,24%

2001 7,80%

2002 13,95%

2003 12,09%

2004 8,50%

2005 5,35%

2006 4,56%

2007 7,07%

2008 4,92%

2009 3,86%

2010 5,74%

2011 6,15%

2012 6,32%

2013 5,65%

2014 6,04%

Janeiro de 2015 1,29%

Fonte: IBGE


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