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Estado de Minas

Incerteza alavanca o crédito privado em faculdades particulares

Novas regras do Fies estimulam estudantes e instituições a buscar alternativas junto aos bancos. Juros são subsidiados


postado em 01/03/2015 06:00 / atualizado em 01/03/2015 08:49

Grupo Anima fechou parceria de R$ 1 bilhão com a Ideal Invest e vai subsidiar os juros para os alunos(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press )
Grupo Anima fechou parceria de R$ 1 bilhão com a Ideal Invest e vai subsidiar os juros para os alunos (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press )

As mudanças nas regras do Programa de Financiamento Estudantil (Fies) estão fazendo crescer o interesse das instituições de ensino superior pelo crédito privado. A Ideal Invest, que reúne o Banco Itaú e o Banco Mundial e única gestora no país a atuar no segmento, financia estudantes de 200 instituições em todo o país, mas, segundo a operadora, o número das organizações interessadas em aderir ao modelo triplicou no último mês, depois de o governo anunciar novas exigências para o Fies, que atingem tanto os estudantes quanto as faculdades. Nos próximos três anos, a Ideal Invest projeta multiplicar por cinco o volume de crédito educativo ofertado, saltando dos atuais R$ 1 bilhão para R$ 5 bilhões.


Na última semana, a gestora firmou parceria que vai alocar R$ 1 bilhão em recursos para financiar alunos do Grupo Anima. Em Minas, o grupo é dono dos centros universitários Una e Uni-BH, além do Unimonte, no estado de São Paulo. De 2006, quando foi lançado, até o ano passado, o crédito privado atingiu R$ 1 bilhão, volume correspondente ao que agora será injetado em uma única instituição. Carlos Monteiro, consultor e especialista em estratégia para educação superior da CM Consultoria, aponta que a oferta de crédito privado tende a crescer no país, ao mesmo tempo em que a base da receita líquida das universidades privadas atreladas ao Fies, que hoje pode ultrapassar 50%, deve cair. “Todo banco privado tem na gaveta um modelo de financiamento estudantil. O que é preciso, agora, é que eles tirem a poeira e adequem os projetos.”


A partir de abril, para se candidatar ao Fies o aluno terá que garantir nota mínima de 450 pontos no Enem. O estudante também não pode tirar zero na redação. As regras para o reembolso às instituições privadas também mudaram. Em vez de receber 12 parcelas por ano, o governo irá pagar oito mensalidades, e as outras quatro só serão reembolsadas depois da formatura dos estudantes, de forma ainda a ser esclarecida. O crédito privado atende 50 mil alunos, mas a intenção, nos próximos três anos, é que esse número dobre no país, atingindo pelo menos 25 mil em Minas. O financiamento privado opera com percentuais que podem variar até 1,35% ao mês, mas um dos atrativos é que a taxa de juros pode ser subsidiada pela instituição e até zerada para o estudante. A correção da parcela ocorre ao fim de 12 meses, seguindo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.


O pagamento ao Fies começa depois da formatura; com carência de 18 meses e juros de 3,4% ao ano. No crédito privado, o tempo para quitar a fatura é menor, corresponde ao dobro da duração do curso, mas o pagamento tem início imediato. Por exemplo: se o estudante financiar um curso de quatro anos, terá oito anos para pagar. Se financiou o primeiro semestre de 2015 com mensalidades a R$ 1 mil, paga, por mês, o valor de R$ 500. “A parcela corresponde à metade do valor da mensalidade e, no caso de faculdades que arcam com os juros, a mensalidade é corrigida após 12 meses, pelo IPCA”, explica Rafael Baddini, diretor da Ideal Invest. Ele aponta que o pagamento às instituições é feito de forma antecipada, no início do semestre. A gestora arca com a inadimplência, mas Baddini prefere não revelar qual é o percentual médio. “A inadimplência segue a média do mercado para o crédito pessoal”, resume. Em 2014, segundo dados do Banco Central (BC), a taxa de inadimplência das pessoas físicas nos empréstimos bancários com recursos livres fechou em 6,5%.


Alívio

Cerca de um terço dos estudantes que se matricularam no ensino superior usam algum tipo de crédito, público ou privado. A estudante Fernanda Gabrielle Vieira, de 21 anos, está no sétimo período de direito e contratou o financiamento estudantil privado assim que passou no vestibular. “Se não fosse o financiamento, não conseguiria estudar.” Na faculdade de Fernanda, a taxa de juros é totalmente subsidiada pela instituição e o aluno paga mensalmente 50% do valor da parcela. “Neste semestre, a mensalidade ficou em R$ 424. Como trabalho, consigo pagar. Depois de formada, ainda vou pagar o curso por outros cinco anos.”


No país, os cursos mais financiados pelo crédito privado são engenharia, administração, direito e enfermagem. A reportagem procurou o grupo Anima, mas, por ter ações negociadas na bolsa de valores, o grupo informou que está em período de silêncio.


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