Marinella Castro
Enfrentando o calor da tarde, a dona de casa Maria de Fátima Santos foi ao Centro de Belo Horizonte em busca de ventiladores para refrescar as noites da família. Com as mãos segurando três grandes pacotes, um ar suado mas satisfeito, ela espera dormir melhor depois da compra. “Já temos três ventiladores em casa, mas eles não estão sendo suficientes, somos seis pessoas.” Depois de pesquisar preços, Maria de Fátima comprou outros três aparelhos. Pagou R$ 99 em cada, que serão quitados no crediário. “É só o tempo esquentar que produtos como ventiladores e climatizadores não param no estoque. A demanda cresce muito”, observa Wylmer Garcia, gerente de uma loja na Rua Curitiba, Região Central de BH.
O aposentado Eloim Cerne aproveitou uma promoção para ir buscar o ventilador da família. O estoque da loja estava esgotado para pronta-entrega, mas queria aproveitar o preço, R$ 59,90, e decidiu esperar dois dias até ter o produto nas mãos. Já a diagramadora Elizabete Miranda estuda substituir o antigo ventilador, que parou de funcionar, por um climatizador que custa pouco mais de R$ 300. “O investimento é maior, mas acho que pode compensar. Na década de 70, a cidade era bem mais fresca”, comenta. Na Casa do Vento, loja de ventiladores no Bairro Gutierrez, o gerente Eduardo Ferreira diz que os modelos mais procurados são os portáteis de 30 centímetros e também os produtos para o teto com lâmpadas econômicas, que custam a partir de R$ 149,90.
DELÍCIA NA CASQUINHA Gelado, na taça, na casquinha ou no pote para levar para casa, a arma da bancária Isabela Guimarães e do comerciante Felipe Costa para enfrentar o clima quente é o sorvete. Os noivos consideram que Belo Horizonte tem muitas opções de sorveterias e comentam que o lazer é acessível ao bolso. Três vezes por semana, o sorvete entrou para o cardápio do casal, que gasta, em média, R$ 40 a cada vez. “Tomamos na rua, na sorveteria e também em casa. Tem feito muito calor”, diz Felipe.
Há oito anos no mercado, a sorveteria Alessa, que funciona no Bairro de Lourdes, comemora a alta temporada com tardes e noites de casa cheia. “Nossa projeção de crescimento para 2015 é de 30% em relação ao ano anterior e esse é também o crescimento que temos de vendas no verão em relação ao inverno. Já temos franquias em Búzios, Rio de Janeiro e no Shopping Pátio Savassi. Novas negociações estão acontecendo para outras lojas, tanto em BH como em cidades de outros estados”, diz Andrea Manetta, dona do negócio. Com sorvetes artesanais, que custam em média R$ 10 a bola, a Alessa lança neste verão a granita, sobremesa semicongelada preparada com açúcar, água e frutas, receita siciliana.
Nos últimos dez anos, o consumo de sorvete pelo brasileiro cresceu 61%, e hoje a média é de 6,1 litros por habitante ao ano. “Ainda temos poucas sorveterias na cidade e o consumo dos brasileiros em comparação à Europa, por exemplo, ainda é muito pequeno. Temos um mercado muito fértil a trabalhar”, aposta Andréa. Desde 1991 fabricando sorvetes e picolés, a mineira Nevada é outra indústria que aposta na demanda firme dos gelados. Segundo o diretor Runivam Welington, a demanda chega a dobrar entre novembro e fevereiro. A Nevada está agora investindo em novas instalações e se prepara para ter sede própria em 2015.
Com 60 pontos de vendas em Minas Gerais, Glayson Cruz, gerente de operações em Belo Horizonte e região metropolitana da Rede Bob’s, explica que o peso de sorvetes e milkshakes no faturamento da empresa salta de 30% para 45% entre dezembro e março. “Um de nossos carros-chefes no verão é o milkshake de Ovomaltine”, revela Cruz.