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Estado de Minas PROGRESSO

Paracatu é o novo eldorado de Minas

Cidade do Noroeste mineiro cresce acima da média nacional e está atraindo trabalhadores de todos os cantos do Brasil


postado em 08/06/2012 07:22

Há 189 anos, o patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva (1763–1838), enviou à Assembleia Constituinte o documento Memória, sugerindo que a sede do então Império fosse transferida para a comarca de Paracatu do Príncipe e que ela recebesse o nome de Brasília ou Petrópole. A ideia de mudar a capital do país para Minas não vingou, mas, quase dois séculos depois, o município histórico, cujo nome foi reduzido a Paracatu, transformou-se num eldorado do Noroeste do estado, atraindo trabalhadores dos quatro cantos do país. Em alguns setores, o percentual de empregos criados em abril – o último mês em que o governo federal divulgou o balanço de vagas formais geradas no Brasil – supera as médias nacional e estadual.

No setor da indústria da transformação, por exemplo, enquanto Paracatu registrou alta de 10,35%, a média do país ficou em 0,37% e a de Minas, em 0,45%. A construção civil na cidade também obteve excelente desempenho (12,43%), se confrontada com os índices médios do país (1,36%) e do estado (1,55%). “A economia no município está de vento em popa. E não é só na indústria. O comércio está aquecido. Veja bem: em 2011, enquanto a média das consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) do país caiu 2%, a nossa subiu 13%. É um indicador de que as vendas estão crescendo”, comemorou Manoel Paulo Maia, presidente da Associação Comercial e Industrial de Paracatu (Acipa).

A geração de emprego no local refletiu no crescimento populacional acima da média estadual na última década. Em Paracatu, o número de habitantes subiu 9,5% no período, com o total saltando de 75.216 pessoas em 2000, para 82.362. Já o percentual no estado, em igual intervalo, cresceu 7%, de 17.891.494 homens e mulheres para 19.159.260. A maior empregadora da terra sonhada pelo Patriarca da Independência é a canadense Kinross Gold Corporation, que explora, a poucos quilômetros do núcleo histórico de Paracatu, a maior mina de ouro a céu aberto da América Latina.

Em 2011, a empresa extraiu 453 mil onças, o correspondente a 14 toneladas, da mina Morro do Ouro. Apesar de a extração de ouro ser tema polêmico, a empresa emprega 1,3 mil funcionários diretos e mais 3,4 mil indiretos. Centenas deles vieram de outras cidades. De Patos de Minas, chegou o técnico em refrigeração Eduardo César da Rocha, de 42 anos, que presta serviço ao empreendimento estrangeiro. “Quem quer trabalhar não fica desempregado nesta terra”, garante Eduardo, acrescentando que muitos de seus amigos moram em hotéis da cidade.

HOTÉIS

Isso explica parte da expansão das vagas formais na construção civil. “Os empresários do setor (hoteleiro) vêm investindo na cidade, pois era uma deficiência que a cidade tinha”, disse o presidente da Acipa. Um dos empreendimentos do ramo inaugurado há poucos meses é o Hotel Eldorado, de onde se pode avistar a mina do Morro do Ouro. O empreendimento, com 104 quartos, consumiu cerca de R$ 10 milhões. A gerente do local, Elaine Reis Batista, de 27 anos, e contratada há seis meses, ressalta que a maioria dos hóspedes é funcionário de grandes empresas da região.

Entusiasmada com o momento econômico do município, ela conta que o mercado de trabalho está melhorando a vida de muita gente: “Eu, por exemplo, trabalhava em outra empresa e vim para cá para receber um salário 30% maior”. Boa parte dos hóspedes do empreendimento que a jovem gerencia trabalha na unidade da Votorantim, que emprega, entre diretos e indiretos, mais de 2 mil pessoas. Em 2011, a empresa extraiu 62 mil toneladas de concentrado de zinco sulfetado. Para este ano, a previsão é de aumento de 10,5%.

Mas Paracatu também enfrenta desafios da época do império. Estradas que cortam a região carecem de investimentos. A principal delas é a BR-040, que liga o município a Brasília e a Belo Horizonte. A maior parte da rodovia não é duplicada, e sinalização horizontal e vertical são deficientes e falta acostamento.

Memória

Mudança para o interior seria por segurança

José Bonifácio não foi o primeir a sugerir a transferência da capital do Rio de Janeiro para o interior do país. Com a justificativa de que, em caso de guerra, uma capital no litoral seria alvo fácil de inimigos, personalidades importantes dos séculos 18 e 19 defenderam a tese de que a sede do governo deveria migrar para longe do Atlântico. Um dos maiores defensores da mudança foi o diplomata e jornalista Hipólito José da Costa (1774–1823), fundador do Correio Braziliense – o jornal era impresso em Londres e distribuído no Brasil e em Portugal. Ele publicou vários artigos em seu periódico, defende ndo a tese de que a capital fosse transferida para o planalto brasileiro.


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