
Depois de os produtores rurais terem chiado por causa da possibilidade de mudança de endereço do Parque de Exposições Bolívar de Andrade, o governo de Minas Gerais reviu a decisão e confirmou que o estabelecimento permanecerá na Gameleira, em Belo Horizonte. A notícia foi dada ontem, durante a abertura da Superagro, feira estadual do agronegócio, pelo vice-governador Alberto Pinto Coelho. Ele afirmou que a procura por terrenos “é página virada”, mas que a implantação no local de um centro de convenções e de um hotel foram mantidas, provavelmente com a inclusão de um shopping center, integrando o Expominas e o Parque de Exposições. Na semana que vem termina o prazo da consulta pública para manifestação das empresas que podem trabalhar na modernização do espaço. Até o momento cinco interessados na obra se apresentaram. “Permanecendo aqui estamos respeitando os interesses do agronegócio mineiro”, afirma o vice-governador.
Produtores rurais do estado deram um abraço simbólico no Parque de Exposições como forma de protestar contra a possibilidade de mudança. Desde que foram informados da ideia, criadores se mostraram contrários e em audiências públicas na Assembleia Legislativa pediram a manutenção do parque na Gameleira. “Já fui procurado por mais de 20 entidades do setor que alegaram sofrer prejuízos com o fechamento do parque”, afirmou o deputado estadual Fabiano Tolentino (PSD), um dos organizadores do protesto.
A ideia de mudar o parque de lugar surgiu da tentativa de integrar o local ao Expominas. Com isso, o novo empreendimento passaria a ter 283 mil metros quadrados, aumento superior a 50% da área atual. Outro argumento era o de que o espaço seria insuficiente para os padrões das exposições, com alojamento para apenas 3 mil animais. Para solucionar a falta de espaço, foram instaladas baias de ferro para equinos no estacionamento. Por isso, três áreas, situadas em Contagem, Confins e Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com extensão até 12 vezes maior, e pertencentes ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) foram identificados como próprias para abrigar o novo parque. Mas o risco de distanciamento do público provocou receio das associações de ruralistas.
Outro ponto apontado para justificar a mudança referia-se às exigências da Prefeitura de BH, Ministério Público, Corpo de Bombeiros e Ministério Público do Trabalho para que fosse feito tratamento de efluentes e elaborado um projeto de segurança. O Ministério Público do Trabalho exigiu a construção de alojamentos adequados para os cerca de 500 tratadores de animais que trabalham durante as exposições.
Memória
Ligação ao campo
O Parque de Exposições Bolívar de Andrade foi criado em homenagem ao criador de cavalos de raça e bovinos que se tornou expressiva liderança do meio rural no estado, tendo exercido a presidência da Federação da Agricultura e Pecuária (Faemg). Inaugurado em 18 de junho de 1938, com a 1ª Exposição Nacional de Animais e Produtos Derivados, contava com 30 pavilhões para animais, arquibancadas e tribuna, além de prédio da administração, pista de desfile e currais de embarque. Depois de passar por reformas, na década de 1940 abrigou a Escola Superior de Veterinária, que lá permaneceu até meados de 1960. Naquele ano, outros seis pavilhões de bovinos e dependências para equinos foram construídos. Em fevereiro de 1971, um desabamento matou 65 operários, num dos acidentes mais trágicos vistos na cidade.