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Estado de Minas PRODUÇÃO

Revitalação da riqueza natural

Subsidiária da Copasa investe R$ 28,4 milhões para relançar águas minerais e quer certificação internacional


postado em 18/03/2012 07:30

Riquezas descobertas no século 18, só faltava o relançamento das águas minerais Araxá e Lambari, em abril e julho, respectivamente, para o resgate de um longo período de paralisação das famosas fontes da bebida de Minas Gerais. A marca Caxambu retornou ao varejo em 2008 e a Cambuquira voltou a circular em meados do ano passado. A Copasa Águas Minerais de Minas, subsdiária da companhia que assumiu cerca de sete anos atrás, em nome do estado, os ativos criados pela natureza, investiu R$ 28,4 milhões nesse período para reerguer fábricas e revitalizar a produção. Agora, o desafio é maior: buscar a certificação internacional para pisar fora do país.

O superintendente-executivo da Copasa Águas Minerais, Eduardo Otávio Moraes Raso, vai logo indagando em relação à pretensão que parece ousada demais para fontes com vazão limitada ante seus concorrentes: “Parte da produção pode ser exportada para mercados tão atrativos quanto a China e a Coreia. Por que não?”. Exportar, para as marcas mineiras, nem poderia significar disputar em volume com competidores mundiais, a exemplo da Nestlé e da Danone, as maiores do setor. O desejo é o mesmo de outras indústrias exportadoras: o de valorizar o produto, ao cruzar as fronteiras do país. Para isso, a próxima etapa será cumprir uma série de procedimentos para obter registros de qualificação internacional para as águas mineiras.

Como era de se esperar, a locomotiva chinesa lidera o ranking de países envasadores, com uma participação de 14,1% dos 66% que estão nas mãos das 10 potências do setor, seguida pelos Estados Unidos, com 13,1%. O Brasil ocupa a 6ª posição, ao produzir 11,6 bilhões de litros em 2010, último dado disponível, conforme as estatísticas da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam). Outra nação emergente, a Índia aparece na lanterna, em 10º lugar, como engarrafadora de 7,1 bilhões de litros. Quem vê mais nostalgia do que força de venda nas marcas mineiras pode estar enganado, já que a água mineral engarrafada é a bebida mais consumida no Brasil depois do refrigerante.

Essa preferência do consumidor indica a diferença que pode fazer a referência do comércio internacional para as águas de Minas no varejo brasileiro. A tecnologia não vai pecar numa futura expansão, observa Eduardo Raso. Todo o investimento feito nas fábricas teve como objetivo redesenhar as linhas de envase, modernizá-las e trocar equipamentos. “Adequamos instalações e o mix de produtos às demandas do mercado, além das reformas feitas nas quatro fábricas para atendimento às exigências dos órgaos reguladores (o Departamento Nacional da Produção Mineral e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, afirma o executivo.

Planejamento Segundo informações dadas pelo presidente da Copasa, Ricardo Simões, aos analistas de mercado na semana passada, a intenção é de que até o fim do ano o envase da marca Araxá atinja 40% da capacidade instalada, de 50 milhões de litros anuais. A príncípio, a água será vendida em embalagens nas versões de um litro e meio e 510 ml. O apelo forte da marca está na imagem de um produto saudável e que hidrata o corpo, repondo líquidos necessários. A exploração será feita a partir do poço batizado de Beja V, na região do Barreiro, no município de 91,7 mil habitantes do Alto Paranaíba. A distribuição da bebida partirá do Sudeste para Goiás e o Distrito Federal, alcançando também a Bahia.

Os planos para a marca Lambari estão sendo definidos, mas ela tem a vantagem de poder entar no mercado premium com seu paladar caracteristicamente goumert, lembra Eduardo Raso. Admirada por chefes de cozinha, ela tem o equilíbrio ideal de componentes como magnésio, bário e lítio. “Desperta a curiosidade até mesmo de quem não vê tantas especificidades nas águas minerais. A Lambari é ideal para acompanhar receitas mais sofisticadas”, afirma o executivo.

As marcas já relançadas deixaram o mercado dos bares e restaurantes sofisticados e já chegaram aos hipermercados, a exemplo da rede DMA (Epa, MartPlus e Via Brasil), Super Nosso e Verdemar. No rasto dos concorrentes, as águas mineiras querem se beneficiar do grande crescimento do consumo da nova classe média e do segmento familiar. Exemplo disso, informou o superintendente da subsidiária da Copasa, é a comercialização até o fim do mês da versão de 1,255 ml nas versões PET com e sem gás da marca Caxambu.

Registros históricos

Capricho da natureza, a água mineral que está sendo envasada hoje nas fontes mineiras começou a percorrer o subsolo há cerca de 500 anos, portanto, com registros da época do descobrimento do Brasil. Esse caminho foi seguido em velocidade de dois a quatro metros por ano, enquanto o processo de mineralização ocorria. A história reproduz feitos imperiais envolvendo as fontes de Minas.

O principal deles talvez teve a princesa Isabel como protagonista, em 1868, em Lambari ou Caxambu, uma vez que as duas cidades costumam ter relatos bem semelhantes da visita. A princesa e o marido, Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston, o conde d’Eu, teriam vivido durante quatro meses no Sul de Minas na tentativa de Isabel se curar de uma suposta infertilidade, desfrutando das águas locais. Outra mulher que deixou raízes associadas à bebida.
Em Araxá, Ana Jacinta de São José, a dona Beja, emprestou seu nome à fonte que produz a água natural fluoretada, considerada a mais radioativa no país. Na cidade batizada com a expressão em tupi-guarani que significa “onde o sol nasce primeiro”, a água brota da fonte ligeiramente ácida. Em torno de uma hora mais tarde, o sabor é neutralizado, quando ela se torna discretamente alcalina.

Em Lambari, no Sul do estado, distante 345 quilômetros de Belo Horizonte, as primeiras fontes de água mineral foram descobertas em 1780 pelo capataz de uma fazenda local. Conforme a lenda do lugar, o feitor chamado Tancredo encheu o embornal com a saborosa água e deu à noiva, Cecília, que estava doente, e ela logo apresentou melhora substancial do estado de saúde. Grato, o pai da moça ergeu a capela de Nossa Senhora da Saúde, onde Tancredo e Cecília se casaram. Outros registros da história recente marcam presenças também ilustres, atraídas pelos poderes energéticos da água mineral de Lambari. Entre elas estão os ex-presidentes Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas, Wenceslau Braz e Hermes da Fonseca. (MV)


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