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Estado de Minas

Investimento bilionário em Jeceaba levará aço de Minas para o mundo

VSB inaugura siderúrgica de R$ 5 bilhões e anuncia que pretende exportar 100% da produção no primeiro ano


postado em 02/09/2011 06:00 / atualizado em 02/09/2011 09:51

A nova Siderúrgica vai movimentar a economia da pacata Jeceaba(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press.)
A nova Siderúrgica vai movimentar a economia da pacata Jeceaba (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press.)

 

Jeceaba - A Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), uma empresa formada pela francesa Vallourec (56%) e a japonesa Sumitomo (44%), foi inaugurada nessa quinta-feira em Jeceaba (Campos das Vertentes), com mudanças em relação à estratégia anunciada. Os investimentos chegaram a R$ 5 bilhões, o dobro da previsão inicial. Um dos responsáveis pelo aumento foi a construção de uma pelotizadora dentro do complexo siderúrgico, que vai produzir 1,36 milhão de toneladas para abastecer a nova usina e a unidade da Vallourec na Região do Barreiro, em Belo Horizonte.

Outra alteração se refere ao mercado consumidor. Toda a produção, ou seja, 600 mil toneladas de tubos de aço, será exportada e não mais vislumbrará a demanda do mercado doméstico. A expectativa era que os tubos de aço de alta resistência fossem usados na exploração do pré-sal e até mesmo em obras da Copa do Mundo. "É vontade das duas empresas (Vallourec e Sumitomo) crescer no mercado internacional", disse Flávio Azevedo, presidente dos conselho de administração da VSB e da Vallourec Mannesmann do Brasil (VMB). A plena capacidade será atingida no segundo semestre de 2012. Só então, informou o executivo, os 30% da produção total da VMB, que é de 5,5 milhões de toneladas, deixarão de ser exportadas para atender a demanda brasileira.

A transferência faz parte de uma estratégia que Azevedo admite que pode ser revertida. "Com o início da exploração do pré-sal (prevista para 2014), a estratégia pode mudar, mas não é a ideia de agora", afirmou Azevedo.

A presidente Dilma Rousseff (PT) destacou no discurso, durante a solenidade de inauguração, a importância de se agregar valor a produtos básicos. "O Brasil, produtor de minério de ferro, havia parado de investir em siderurgia. Nesse momento, participamos da inauguração de uma siderúrgica de tecnologia avançada e que agrega valor em nosso território", afirmou. Aliás, esse era um pedido do governo ao ex-presidente da Vale Roger Agnelli, que culminou em sua saída. "Ficamos orgulhosos em saber que nosso minério se transforma em tubos para explorar petróleo e gás pelo mar afora", reforçou o governador Antonio Anastasia (PSDB).

A presidente Dilma Rousseff (PT) destacou no discurso, durante a solenidade de inauguração, a importância de se agregar valor a produtos básicos(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press.)
A presidente Dilma Rousseff (PT) destacou no discurso, durante a solenidade de inauguração, a importância de se agregar valor a produtos básicos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press.)
Dilma disse ainda que o planejamento de investimento da Petrobras alcança US$ 224 bilhões, que isso vai demandar bens de serviço e que é importante que sejam nacionais. "Estamos falando necessariamente de siderúrgicas, de produtos que vão demandar aço de qualidade para explorar petróleo em alta profundidade. Por isso a VSB é bem-vinda, mesmo que seja para exportação no primeiro momento."

Também participaram da inauguração da VSB o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel (PT); o governador Antonio Anastasia (PSDB); o CEO da Vallourec, Philippe Crouzet; o CEO da Sumitomo, Hiroshi Tomono; representantes da França e do Japão e outras autoridades políticas.

Competitividade

Os líderes das gigantes francesas e japonesas preferiram não comentar o impacto da crise econômica mundial nos negócios. Destacaram, contudo, que a competitividade da unidade de Jeceaba é "excepcional" e, por isso, vai aprimorar os resultados mundiais dos conglomerados. O complexo siderúrgico está próximo dos fornecedores de minério de ferro e carvão, matérias-primas fundamentais no processo de produção. É cortado por ferrovias, que seguem para os portos do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. Tem ainda a vantagem de contar com gás natural e linhas de energia de alta tensão.

 

 

Dilma enfrenta cobrança

 

Jeceaba - A cúpula da joint venture formada pela francesa Vallourec e a japonesa Sumitomo cobrou nessa quinta-feira da presidente Dilma Rousseff a redução de impostos no país, uma taxa de câmbio que favoreça as exportações e medidas contra o que foi chamado de "comércio predatório". "Esperamos que o governo não se afaste da decisão de manter o apoio ao crescimento sustentável do Brasil", disse o presidente da joint venture, Flávio Azevedo.

No mercado mundial, o país mais criticado por práticas desleais de comércio é a China, que mantém câmbio baixo artificialmente e paga salários também baixos. O presidente executivo da Vallourec, Philippe Crouzet, também criticou o "comércio predatório". Ambos, porém, evitaram citar países que adotam a prática.

Ao discursar, a presidente Dilma não fez menção às cobranças dos executivos, mas aproveitou a plateia formada por cerca de 650 empresários brasileiros, franceses e japoneses para afirmar que o Brasil está preparado para enfrentar a crise econômica que, para ela, está em fase "crônica". "Queria manifestar a imensa preocupação do governo do Brasil com as consequências da crise de 2008, que culminou com a quebra Lehman Brothers, e que agora atinge fase crônica, com países da Europa, alguns da África, Estados Unidos."

A presidente destacou que, apesar de a crise afetar a demanda do mercado internacional e consequentemente a economia brasileira, o país não precisará usar recursos orçamentários para combatê-la. "Temos reserva. São R$ 420 bilhões de depósitos compulsórios e U$ 350 bilhões de reservas cambiais. Isso é uma demonstração de que, para o Brasil tomar qualquer medida de defesa do nosso crédito, não precisa usar recursos fiscais. Os senhores sabem da dificuldade que os países ricos estão tendo porque comprometeram seu orçamento para salvar a economia", disse.

Clima

Dilma chegou acompanhada do governador Antonio Anastasia (PSDB) e do ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT). Vieram de Belo Horizonte em dois helicópteros. Antes de discursar, ela visitou as instalações da VSB e tirou fotos com a equipe feminina da siderúrgica.

Iniciou seu discurso lembrando que o pai trabalhou na Mannesmann, que foi comprada pela Vallourec. "Foi um momento muito especial para o Brasil. A inauguração da empresa pelo presidente Getúlio Vargas marcou o início da industrialização no nosso país. Portanto, é momento a ser sempre lembrado", comentou. Dilma discursou por 15 minutos e saiu sem falar com a imprensa.
 


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