Barragem de Forquilha III, da Vale, em Ouro Preto  -  (crédito: Reprodução/Google Maps)

Barragem de Forquilha III, da Vale, em Ouro Preto

crédito: Reprodução/Google Maps

A mineradora Vale afirmou ter encontrado uma 'anomalia' na barragem Forquilha III, da mina da Fábrica, em Ouro Preto, na Região Central de Minas. De acordo com mineradora, um dos 131 drenos que compõem a estrutura está vazando sedimentos junto com a água, o que foi identificado no último dia 15 de março. A Vale informa que está monitorando a barragem e que a falha não traz riscos para a estrutura.


 

A irregularidade na barragem foi relatada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Rio das Velhas) na manhã desta sexta-feira (5/4). A entidade diz ter sido 'pega de surpresa' pela informação e solicitado esclarecimentos do fato junto à Vale e a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam).

 

“Esse incidente nos causa grande preocupação, não só quanto aos possíveis impactos na sub-bacia do rio Itabirito, importante afluente do Rio das Velhas, como no restante do curso d’água e sua bacia hidrográfica, em especial em relação à captação da Copasa na Estação Bela Fama, em Nova Lima – em caso de algum eventual rompimento de barragem”, diz o comunicado do comitê.

 

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também questionou a mineradora. Em recomendação enviada ao diretor-presidente e ao Conselho de Administração da mineradora, o órgão pediu que fossem adotadas "medidas de transparência imediatas" e que todos os envolvidos sejam constantemente informados da situação da barragem.

 

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Em nota, a Vale informou que a barragem está em nível 3 de emergência desde 2019 e que toda a Zona de Autossalvamento (ZAS) já foi evacuada. “A barragem está em processo de descaracterização e, durante inspeção regular realizada em março, foi identificada uma anomalia em 1 dos seus 131 dispositivos de drenagem. A Vale, prontamente, comunicou aos órgãos competentes e à empresa de auditoria técnica independente, que acompanha as ações na estrutura, e desenvolveu um plano de ação já em implantação para correção da ocorrência”, diz a empresa. O nível 3 de emergência é o mais alto, indicando que há possibilidade de ruptura na estrutura.

 

“Os instrumentos instalados para monitoramento da barragem não acusaram alteração nas suas condições e a estrutura segue monitorada 24 horas por dia, 7 dias por semana, pelo Centro de Monitoramento Geotécnico (CMG) da empresa. A Vale reforça que empreende todos os esforços visando a redução do nível de emergência da estrutura”, completa o comunicado.


O governo de Minas também informou que está fiscalizando a barragem desde o dia 21 de março. "A diretoria de barragens da Feam realizou uma fiscalização na Barragem Forquilha III, que contou com a participação de técnicos desta fundação e da auditoria independente. Cumpre informar que a barragem Forquilha III está em processo de descaracterização após a Lei Mar de Lama Nunca Mais. Por isso, ela é acompanhada também por uma auditoria independente. Atualmente, a barragem já foi descaracterizada em 16%", comunicou o governo.

 

Laudo atesta problemas

 

A reportagem do Estado de Minas teve acesso a um laudo feito por uma empresa independente que indica as falhas na barragem Forquilha III. O documento, de 13 páginas, afirma que há a saída de “material terroso” de um dos drenos da estrutura.

 

A Vale teria comunicado a empresa no dia 19 de março sobre o problema, que havia sido identificado quatro dias antes. “A anomalia consistiu na observação de material de coloração cinza na tubulação do dreno e na canaleta onde o dreno desagua”, diz o documento.

 

Após o problema ser reportado, a mineradora teria intensificado o monitoramento na barragem, para garantir que a estrutura seguisse em segurança. “A ocorrência atual, no entanto, é inédita no sentido de que o material observado é distinto do verificado nas ocasiões anteriores, tratando-se, claramente, de material que contém minério de ferro em fração muito fina”, diz o relatório.

 

Foram feitas diversas recomendações à mineradora que, segundo resposta para a reportagem, estão sendo seguidas à risca. Ainda de acordo com a Vale, o monitoramento constante, inclusive com o apoio da Agência Nacional de Mineração (ANM), garante que a estrutura não corre riscos de desabar.