O legado do espaguete do Bolão, que conquistou gerações em BH
Após o falecimento de seu criador, José Maria Rocha, revisitamos a história do prato que se tornou patrimônio de BH, mesmo com o fechamento da icônica unidade de Santa Tereza.
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O falecimento de José Maria Rocha, o 'Bolão', aos 76 anos, no dia 2 de dezembro de 2025, deixou uma lacuna na boemia de Belo Horizonte, mas também reacendeu a memória sobre o seu maior legado: o icônico espaguete que marcou madrugadas na capital mineira. Mais que um prato, a receita se tornou um patrimônio afetivo da cidade, e seu segredo vai muito além dos ingredientes.
O sucesso do prato, servido por décadas na tradicional e saudosa unidade do bairro Santa Tereza — que encerrou suas atividades em outubro de 2025 —, não estava em uma técnica complexa ou em componentes raros. Pelo contrário, sua força residia na simplicidade bem executada e na consistência. Trata-se de uma combinação de massa generosa com um molho à bolonhesa robusto, espesso e com sabor marcante, que cobria completamente o prato.
Apesar do fechamento da unidade histórica na Praça Duque de Caxias após 64 anos, o legado gastronômico de Bolão persiste. É importante notar que José Maria já estava afastado da gestão do bar há mais de uma década por problemas de saúde. Hoje, a tradição continua em outras unidades em funcionamento na cidade, como as do Mineirão, Coração Eucarístico e União.
A receita exata permanece um segredo de família, mas alguns detalhes são conhecidos pelos frequentadores mais assíduos. O molho, por exemplo, cozinhava lentamente por horas, garantindo uma textura encorpada e um sabor que se aprofundava com o tempo. A carne moída, sempre de boa qualidade, era a base que sustentava o prato, mas o equilíbrio dos temperos é o que realmente o distinguia. Um dos segredos conhecidos era uma generosa colher de manteiga no molho.
O sabor que une gerações
O espaguete do Bolão se transformou em um símbolo de Belo Horizonte por ser um prato democrático. Ele encerrava noites de festa para jovens, acolhia trabalhadores que saíam tarde do serviço e reunia famílias em almoços de fim de semana. A experiência de comer no balcão do restaurante de Santa Tereza, a qualquer hora do dia ou da noite, fazia parte do ritual.
Essa tradição de estar sempre de portas abertas na unidade histórica, com o mesmo prato saboroso e reconfortante, foi a visão de José Maria Rocha. Ele criou não apenas um restaurante, mas um ponto de encontro seguro, um lugar onde a comida servia como elo entre diferentes histórias e pessoas. O verdadeiro segredo, portanto, está na memória afetiva que cada garfada carregava.
Com a partida de seu criador, o prato se consolida ainda mais como uma herança cultural para a cidade. A receita, mantida pela família, garante que o sabor idealizado por Bolão continue presente nas unidades em operação em Belo Horizonte, mantendo viva a alma de um dos seus personagens mais queridos.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.