Você já sentiu irritação imediata, ansiedade ou até raiva ao ouvir alguém mastigando? Para muitas pessoas, isso não é exagero nem falta de paciência. A psicologia explica que essa reação intensa tem nome, causas emocionais profundas e relação direta com a forma como o cérebro processa estímulos sonoros e emoções.

Por que a psicologia associa esse incômodo à misofonia?

A misofonia é uma condição caracterizada por reação emocional extrema a sons específicos, especialmente sons humanos repetitivos como mastigação, respiração ou estalos. Diferente de um simples incômodo, o corpo reage como se estivesse diante de uma ameaça real.

Na prática, o cérebro associa esses ruídos a estresse, perda de controle ou invasão de limites. Isso ativa respostas automáticas ligadas ao sistema emocional, explicando por que o desconforto surge antes mesmo de qualquer pensamento racional.
Qualquer sonzinho de mastigação é suficiente para irritar algumas pessoas – Créditos: depositphotos.com / hsfelix

Hipersensibilidade emocional tem relação com sons de mastigação?

Pessoas com hipersensibilidade emocional tendem a perceber estímulos de forma mais intensa. Isso inclui emoções próprias e também sinais do ambiente, como ruídos. Sons repetitivos podem sobrecarregar o processamento sensorial e gerar respostas desproporcionais.

Nesses casos, não é apenas o barulho em si que incomoda, mas o impacto emocional que ele provoca. A reação pode incluir tensão muscular, aceleração do coração e vontade imediata de se afastar da situação.

O que acontece no cérebro durante a misofonia?

Estudos em neurociência mostram que pessoas com misofonia apresentam maior ativação em áreas cerebrais ligadas à emoção e à percepção sensorial. Isso cria uma conexão direta entre som e resposta emocional intensa.

Para facilitar a compreensão, observe abaixo um gráfico ilustrativo que compara a reação cerebral média a sons neutros e a sons gatilho em pessoas com e sem misofonia.

Intensidade da ativação emocional diante de sons

Sons neutros (sem misofonia) – 40%
 
Sons de mastigação (sem misofonia) – 45%
Sons neutros (com misofonia) – 50%

Sons de mastigação (com misofonia) – 90%

 

Por que esse incômodo gera raiva e não apenas desconforto?

Diferente da sensibilidade auditiva comum, a misofonia ativa respostas ligadas à defesa emocional. O cérebro interpreta o som como algo pessoal, invasivo ou provocador, mesmo sem intenção externa.

Isso explica por que surgem sentimentos intensos como irritação, raiva ou desejo de fuga. A emoção não é escolhida conscientemente, ela acontece como reflexo.

O Dr. Drauzio Varella explica, em seu canal do TikTok, o que é a misofonia e como ela age no nosso cérebro:

@portaldrauziovarella Respondendo a @lorenacscamilo Legenda: Você tem certeza que a sua misofonia gritou com esse vídeo? ???? #misofonia #drauziocorreaqui ? som original – Portal Drauzio

Como lidar com a misofonia no dia a dia?

Embora não exista cura única, algumas estratégias ajudam a reduzir o impacto emocional e melhorar a convivência com os gatilhos sonoros. Entre as abordagens mais eficazes estão:

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  • Uso consciente de técnicas de regulação emocional em ambientes gatilho
  • Identificação dos sons que mais ativam o estresse
  • Criação de rotinas de autocuidado sensorial
  • Acompanhamento psicológico focado em processamento emocional

Compreender que a reação tem base psicológica e neurológica é um passo essencial para reduzir culpa, conflitos sociais e sofrimento emocional.

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