A história da atriz Kelzy Ecard, de 60 anos, conhecida por seu papel na novela “Três Graças”, acende um alerta importante sobre a atenção que devemos dar aos sinais do corpo. A artista compartilhou ter perdido quase 40 quilos após ser diagnosticada com um câncer de mama, em dezembro de 2022, e adotar hábitos de vida mais saudáveis.
"Eu descobri o tumor [de mama] em dezembro de 2022. Então, eu falei: 'Quer saber? Vamos eliminar fator de risco'. Então, eu parei de beber, produtos industrializados eu quase zerei, parei de comer embutido, fui indo. E falei: 'Preciso emagrecer'. Ainda estou em processo, porque, para realmente sair da zona de risco total de sobrepeso, eu ainda tenho que perder alguns quilinhos. Não foi nem uma questão estética, foi realmente uma questão de saúde e, realmente, estou me sentindo muito melhor, muito mais disposta", revelou.
Embora a transformação em seu caso tenha ocorrido após o diagnóstico, como resultado de novos hábitos e do tratamento de quimioterapia, radioterapia e imunoterapia, a experiência destaca um sintoma que nunca deve ser ignorado: a perda de peso sem motivo aparente. Quando expressiva, essa mudança pode indicar tumores em estágios mais avançados e exige uma investigação médica imediata.
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Mais comum entre as mulheres
O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil, com uma estimativa de 73 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Muitos associam a doença apenas ao surgimento de um nódulo, mas o corpo pode emitir diversos outros avisos que frequentemente passam despercebidos.
Segundo o oncologista clínico Daniel Musse, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a perda de peso acentuada, embora não seja o sintoma mais comum no início, merece atenção. Ela pode surgir quando o tumor altera o metabolismo, provoca uma inflamação sistêmica ou interfere diretamente no apetite do paciente.
“Perda de peso acentuada, cansaço persistente, dor que não passa, alterações no formato da mama ou da pele e nódulos que permanecem por semanas precisam ser avaliados rapidamente. O câncer de mama tem altas chances de cura quando diagnosticado cedo; o atraso ainda é o maior obstáculo”, explica.
Ele reforça que relatos como o de Kelzy Ecard são fundamentais para encorajar outras mulheres a não subestimarem os sinais do corpo. “O tratamento precisa considerar a paciente como um todo: tumor, nutrição, saúde emocional e qualidade de vida. Casos que ganham repercussão ajudam a diminuir o estigma.”
Sinais de alerta para o câncer de mama
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Nódulo fixo ou endurecido na mama ou na axila
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Alterações na pele, como vermelhidão, retração ou textura de “casca de laranja”
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Mudanças no formato ou no tamanho da mama
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Saída de secreção pelo mamilo, especialmente com sangue
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Dor persistente em uma região específica da mama
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Perda de peso sem causa aparente
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Fadiga contínua e inexplicada
Prevenção: o papel fundamental da mamografia
A principal ferramenta para o diagnóstico precoce continua sendo a mamografia. O Inca recomenda que mulheres entre 50 e 69 anos façam o exame a cada dois anos.
Já aquelas com fatores de risco elevados, como histórico familiar de câncer de mama ou ovário, devem conversar com um especialista para definir um plano de acompanhamento individualizado, que pode começar mais cedo.
Alimentação na oncologia
A perda de apetite e de peso acentuada também joga luz para o cuidado com a alimentação durante o tratamento do câncer de mama - fundamental em todas as etapas, já que promove melhor qualidade de vida e bem-estar para o paciente.
Janilene Medeiros, nutricionista do Sírio-Libanês, destaca a importância do acompanhamento especializado e alerta para os riscos das chamadas ‘dietas milagrosas’, que podem prejudicar o processo terapêutico e a recuperação. “O equilíbrio é a chave, e nenhum alimento isolado resolverá todos os problemas", afirma a especialista.
Segundo Janilene, eliminar grupos inteiros de alimentos, como carboidratos, por exemplo, pode comprometer a capacidade do organismo de produzir energia suficiente para sustentar o corpo durante o tratamento.
“Frequentemente, os pacientes ficam confusos, e há uma tendência de exagerar e acreditar em mensagens alarmantes sobre o que se deve ou não comer, o que pode levar a escolhas alimentares prejudiciais à saúde. Não existe uma abordagem única; a dieta precisa ser personalizada e adaptada a cada fase do tratamento", orienta a nutricionista.
O tratamento oncológico, como a quimioterapia, pode causar efeitos adversos que afetam a relação do paciente com a alimentação, como alterações no paladar e desconforto oral. Esses efeitos contribuem para a falta de apetite, diminuem a ingestão de alimentos e afetam a qualidade de vida, podendo levar à desnutrição.
Para apoiar os pacientes durante o tratamento, o Hospital Sírio-Libanês desenvolveu um Guia de Receitas voltado para pacientes oncológicos. As duas edições desse livro de receitas, disponíveis gratuitamente no site do hospital, oferecem pratos simples e nutritivos que ajudam a amenizar os efeitos colaterais do tratamento contra o câncer.
Cinco desafios nutricionais durante o tratamento e dicas de como contorná-los:
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Náusea e vômitos: a quimioterapia pode causar enjoos e vômitos, dificultando a ingestão de alimentos.
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Alterações no paladar: alguns pacientes relatam que os alimentos apresentam sabor metálico ou amargo.
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Perda de apetite: a falta de apetite é comum durante o tratamento.
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Fadiga e falta de energia: a exaustão causada pelo tratamento pode comprometer a disposição para se alimentar adequadamente.
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Constipação: a constipação é um efeito colateral comum da quimioterapia, geralmente causado pela baixa ingestão de água e fibras.
Além desses pontos, é importante entender que os desafios podem variar conforme a fase do tratamento. "Em cada etapa do processo, o corpo reage de uma forma diferente, e é por isso que a alimentação deve ser ajustada conforme essas necessidades", reforça Janilene.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.
