Uso de testosterona em mulheres: entidades alertam os riscos
Hormônio não é reconhecido pela Anvisa para fins estéticos, de melhora de composição corporal, desempenho físico, disposição ou antienvelhecimento até em homens
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Com base nas melhores evidências científicas e em consonância com princípios éticos e regulatórios, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) esclarecem os pontos essenciais relacionados ao uso de testosterona em mulheres.
Indicação clínica
A única indicação cientificamente reconhecida para o uso terapêutico de testosterona na mulher é o tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo (TDSH) em mulheres na pós-menopausa, após diagnóstico clínico criterioso e por exclusão.
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Antes de qualquer consideração terapêutica, devem ser avaliadas e tratadas as causas frequentes de diminuição da libido, como:
- Hipoestrogenismo
- Síndrome urogenital da menopausa
- Depressão e outros transtornos psiquiátricos
- Efeitos de medicamentos, especialmente antidepressivos
- Obesidade
- Fatores psicossociais ou de relacionamento conjugal
Ressalta-se que a “deficiência de testosterona” não é causa reconhecida de baixa libido na mulher.
Aspectos fisiológicos
A testosterona não apresenta queda abrupta com a menopausa, havendo redução gradual ao longo da vida adulta. Não há valores de referência validados que definam deficiência androgênica feminina passível de tratamento clínico.
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Dosagem de testosterona
Não existe indicação de dosagem de testosterona para investigar valores baixos ou suposta deficiência androgênica feminina. A única indicação formal de dosagem sérica é a investigação de hiperandrogenismo – excesso hormonal, como nas seguintes condições:
- Síndrome dos ovários policísticos
- Tumores ovarianos ou adrenais
- Hiperplasia adrenal congênita
- Síndrome de Cushing
A dosagem rotineira fora desse contexto não tem respaldo científico.
Formulações, segurança e riscos
Não existe, no Brasil, formulação de testosterona aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso em mulheres. Não se recomendam implantes subcutâneos manipulados em razão da farmacocinética imprevisível e da ausência de dados robustos de eficácia e segurança.
O uso de testosterona fora da única indicação em mulheres aumenta o risco de eventos adversos, incluindo:
- Efeitos virilizantes como acne, queda de cabelo, crescimento de pelos aumento do clitóris e engrossamento irreversível da voz
- Toxicidade e tumores de fígado
- Alterações psicológicas e psiquiátricas
- Infertilidade
- Potenciais repercussões cardiovasculares, como hipertensão arterial, arritmias, embolias, tromboses, infarto, AVC e aumento da mortalidade, além de alterações de outros exames laboratoriais, como os de colesterol e triglicerídeos
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Vedação para fins estéticos e de performance
O uso de testosterona para fins estéticos, de melhora de composição corporal, desempenho físico, disposição ou antienvelhecimento, em mulheres ou em homens, é vedado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e não reconhecido pela Anvisa, carecendo de base científica e regulatória.
Posicionamento final
A prescrição de testosterona deve restringir-se estritamente à única indicação formalmente reconhecida (TDSH), após avaliação clínica adequada.
O hormônio é potencialmente danoso quando utilizado sem indicação, com base em dosagens isoladas ou com objetivos não terapêuticos.
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