Os casos de hérnias abdominais no Brasil são bastante frequentes, afetando entre 20% e 25% da população adulta, o que corresponde a aproximadamente 28 milhões de brasileiros, de acordo com a Sociedade Brasileira de Hérnia. Ela é comum e representa a oitava maior causa de afastamento do trabalho no país. Entre 20% e 25% dos adultos brasileiros têm algum tipo de hérnia abdominal, sendo a inguinal (na virilha) a mais comum.
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O cirurgião-geral e do aparelho digestivo Rodrigo Pereira Peixoto explica que as hérnias são áreas de fraqueza ou falhas na parede abdominal. A partir dessas áreas, órgãos intra-abdominais podem se projetar, como, por exemplo, a gordura ou até mesmo as alças intestinais. “Elas podem ocorrer em vários locais, como na região epigástrica (acima do umbigo), umbilical, na região da virilha (chamadas de inguinais ou femorais a depender da localização precisa), sob incisões de cirurgias anteriores, etc. Dessas, as hérnias inguinais são as mais comuns.”
A origem das hérnias está relacionada tanto a fatores genéticos como aspectos adquiridos como tabagismo, obesidade, diabetes não controlada e o envelhecimento. “Em alguns casos, o diagnóstico é feito apenas com o exame físico. Em outras situações, podem ser necessários exames complementares, como ultrassom ou tomografia computadorizada”, explica Rodrigo.
“As hérnias nem sempre causam sintomas, mas quando isso ocorre, os pacientes podem perceber um abaulamento ou inchaço na região da hérnia, além de dor ou desconforto no local”, alerta. “Esses sintomas tendem a ser mais evidentes em situações nas quais há um aumento da pressão intra-abdominal, seja por meio do esforço físico, ao tossir ou espirrar.”
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Rodrigo esclarece que os quadros podem ser bem dolorosos e até mesmo perigosos, especialmente quando o conteúdo da hérnia acaba ficando preso, sem conseguir retornar à cavidade abdominal. “Nesse cenário, a vascularização do tecido pode ficar prejudicada e uma cirurgia de urgência pode ser necessária. Por isso, é fundamental a avaliação precoce por um profissional capacitado. O atraso na busca por atendimento pode influenciar negativamente o desfecho do quadro. Infelizmente, ainda existem pacientes que evoluem para óbito devido a complicações de hérnias abdominais.”
O especialista ressalta que grande parte dos pacientes com hérnia vai precisar de tratamento cirúrgico. “A cirurgia por sua vez pode ser feita tanto pela via convencional, aberta, quando é feita uma incisão maior próximo ao local da hérnia, quanto por via minimamente invasiva (videolaparoscopia ou robótica). Nesses casos, são feitos cortes menores por meio dos quais passamos uma câmera (laparoscópio) e pinças finas e longas para fazer a correção da hérnia.”
Quais são os benefícios?
Rodrigo Pereira Peixoto é cirurgião-geral e especialista do aparelho digestivo
“O uso de métodos minimamente invasivos traz benefícios como menor tempo de hospitalização, menor perda de sangue, menos dor e menor quantidade de remédios para controle da dor, incisões menores e melhores resultados estéticos”, explica o médico. “O uso da cirurgia robótica têm ganhado espaço, especialmente em hérnias mais complexas, grandes, em recidivas ou após cirurgias por outros motivos, como após a prostatectomia (retirada da próstata).”
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Rodrigo alerta que há uma situação frequentemente confundida com hérnia, que é a diástase dos músculos retoabdominais. “A diástase, por sua vez, retrata o afastamento dos músculos retoabdominais (os famosos músculos do "tanquinho"), sem que haja uma falha propriamente dita na parede abdominal. Isso ocorre na maioria das vezes em mulheres jovens no pós-gestação, em homens de meia idade ou idosos com obesidade. É muito comum que esses pacientes busquem atendimento com queixa de “estômago alto” ou que o abdômen tenha ficado com aspecto abaulado, distendido. Problemas de postura, dor lombar e incontinência urinária também são mencionados.”
“Um programa de perda de peso e exercícios para o fortalecimento do core (refere-se à região central do corpo, ou seja, ao abdômen, lombar e pelve, e aos músculos que a compõem, essenciais para estabilidade, força e equilíbrio) pode ajudar a reduzir a distância entre os músculos”, avisa.
“Isso pode ser o suficiente quando a diástase é leve. Em casos de distâncias maiores, o tratamento cirúrgico traz excelentes resultados estéticos e funcionais. Se o paciente sofre dessas condições ou tem dúvidas sobre elas, é fundamental que busque avaliação especializada. A escolha do método de tratamento deve ser sempre individualizada, considerando as particularidades de cada quadro e a experiência do cirurgião.”
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