Como funciona a nova vacina da dengue de dose única do Butantan
Testes mostraram uma eficácia de 74,7% na prevenção, 91,6% contra casos graves, e 100% de proteção contra hospitalizações na faixa etária aprovada
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta quarta-feira (26/11), o registro da nova vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan. O imunizante, conhecido como Butantan-DV, representa um marco para a ciência brasileira ao ser o primeiro do mundo a oferecer proteção contra os quatro sorotipos do vírus com uma única dose.
A vacina foi aprovada para aplicação em pessoas de 12 a 59 anos. A Anvisa também autorizou estudos para, futuramente, ampliar a faixa etária para crianças (2 a 11 anos) e idosos (60 a 79 anos). A expectativa é que a aplicação comece em 2026.
Como funciona a nova vacina?
A tecnologia por trás do imunizante se baseia no uso do vírus vivo atenuado. Isso significa que a vacina contém os quatro tipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) em uma forma enfraquecida, incapaz de causar a doença, mas suficiente para estimular uma resposta robusta do sistema imunológico.
Ao receber a dose, o corpo aprende a reconhecer e a combater os quatro sorotipos. Essa proteção abrangente é fundamental, pois uma segunda infecção por um tipo diferente do vírus aumenta o risco de desenvolver formas graves da dengue, como a hemorrágica.
Eficácia e segurança comprovadas
A decisão da Anvisa foi baseada nos resultados dos estudos clínicos de fase 3, que comprovaram a segurança e a eficácia da vacina. Os testes, realizados com mais de 16 mil voluntários no Brasil, mostraram uma eficácia de 74,7% na prevenção da dengue sintomática, 91,6% contra casos graves e com sinais de alarme, e 100% de proteção contra hospitalizações na faixa etária aprovada. O imunizante demonstrou ser eficaz em pessoas que já foram infectadas e também naquelas que nunca tiveram contato com o vírus.
A principal diferença da Butantan-DV é a aplicação em dose única. Essa característica simplifica a logística de vacinação e facilita a adesão da população, garantindo uma imunização mais rápida e ampla.
A proteção oferecida pela vacina é duradoura e representa uma ferramenta poderosa para reduzir o número de casos e internações por dengue no país. Segundo o Ministério da Saúde, em 2024, o Brasil registrou mais de 6,5 milhões de casos prováveis da doença.
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Próximos passos
Com o registro aprovado, o Instituto Butantan avança na produção. A fabricação já foi iniciada, com mais de um milhão de doses prontas.
Com uma parceria com a farmacêutica WuXi Biologics, a previsão é que mais de 30 milhões de doses cheguem a partir do segundo semestre de 2026
Para que se inicie a aplicação, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), deve avaliar a inclusão da vacina no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Caso incorporada, o governo federal definirá os públicos prioritários e o cronograma para que as doses cheguem aos postos de saúde de todo o país, fortalecendo a principal frente de prevenção contra a dengue.
Enquanto a produção não começa, as autoridades de saúde continuarão utilizando as ferramentas já existentes no combate à dengue, como a vacina Qdenga, que exige duas doses, e as campanhas de conscientização para eliminar os focos do mosquito Aedes aegypti.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta matéria, sob supervisão editorial humana.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata
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