SUS realizou mais de 110 mil cirurgias de ostomia nos últimos dez anos
Campanha defende inclusão e acesso à saúde no Dia Nacional dos Ostomizados; falta de informação ainda gera preconceito e isola pacientes
compartilhe
SIGA
A ostomia ainda é um tema cercado de silêncio, tabu e desinformação. No mês que marca o Dia Nacional dos Ostomizados, neste domingo (16/11), a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) lança a segunda edição de uma campanha nacional para combater o preconceito e ampliar o acesso à informação e ao acolhimento para quem vive com um estoma.
Na coloproctologia, as ostomias são procedimentos cirúrgicos que criam uma abertura no abdômen (o estoma) para permitir a eliminação de fezes e gases quando o trânsito intestinal precisa ser desviado devido a doenças ou traumas. Em muitos casos, trata-se de uma intervenção que salva vidas e pode ser temporária ou definitiva.
Leia Mais
Dados do Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde (SIH/SUS) mostram que, nos últimos dez anos, foram realizadas mais de 110,8 mil ostomias no Brasil. De acordo com o órgão, estima-se que no país haja mais de 400 mil ostomizados. Apesar do número expressivo, essas pessoas ainda enfrentam desinformação, barreiras de acesso e discriminação.
Ao longo de novembro, a SBCP promove ações de esclarecimento e acolhimento, com conteúdo educativo nas redes sociais (@portaldacoloproctologia) para combater o preconceito. “Na coloproctologia, a ostomia é realizada na maioria das vezes em pacientes submetidos a cirurgias de câncer colorretal, doença inflamatória intestinal e traumas abdominais. É um procedimento que salva vidas e, quando bem acompanhada por uma equipe multiprofissional, permite que o paciente realize suas atividades com autonomia e qualidade de vida”, explica o presidente da SBCP, Olival de Oliveira Júnior.
Tipos de ostomia
As ostomias temporárias são indicadas quando há necessidade de desviar o trânsito intestinal até que a região operada esteja completamente cicatrizada. Já as permanentes são realizadas quando não é possível restabelecer o trajeto natural das fezes.
Dependendo da área do intestino em que foi realizada a estomia, elas podem ser classificadas em:
- Colostomia: abertura no cólon (intestino grosso)
- Ileostomia: abertura no íleo (parte final do intestino delgado)
- Jejunostomia: abertura no jejuno (parte central do intestino delgado) com objetivo de introdução de uma sonda alimentar
Números extraídos do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) entre 2015 e 2024 apontam 64.120 procedimentos de colostomia e 46.688 de jejunostomia/ileostomia.
“Esses expressivos números evidenciam não apenas a relevância das ostomias no contexto cirúrgico brasileiro, mas também de políticas públicas voltadas ao cuidado e à qualidade de vida das pessoas ostomizadas”, ressalta Ana Sarah Portilho, diretora de comunicação da SBCP.
Após o procedimento para realização da estomia, o paciente recebe atendimento de uma equipe multidisciplinar, incluindo coloproctologista, psicólogo e enfermeiro estomaterapeuta para as devidas orientações. No SUS também é oferecido atendimento especializado e há distribuição de bolsinhas coletoras e acessórios. Com a devida adaptação e os cuidados adequados com a bolsinha, os ostomizados podem retomar suas atividades diárias normalmente, mantendo uma vida ativa e com qualidade.
“É possível trabalhar, praticar esportes, ir à praia, à piscina, ter uma vida social ativa e manter relacionamento íntimo, ou seja, aproveitar a vida de forma plena com os devidos cuidados, preservando a autonomia e o bem-estar”, enfatiza Ana Sarah.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia