Formada pela UFMG, atua no jornalismo desde 2014 e tem experiência como editora e repórter. Trabalhou na Rádio UFMG e na Faculdade de Medicina da UFMG. Faz parte da editoria de Distribuição de Conteúdo / Redes Sociais do Estado de Minas desde 2022
Bebidas quentes liberam mais microplásticos do que as frias, segundo pesquisadores britânicos crédito: FreePik
O que se esconde no fundo do seu copo? Pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, analisaram 155 amostras de bebidas populares vendidas em supermercados e cafeterias e encontraram microplásticos em todas elas.
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Embora a contaminação tenha sido generalizada, o estudo mostrou que as bebidas quentes apresentaram níveis significativamente mais altos dessas partículas invisíveis. Segundo os especialistas, o motivo pode estar na temperatura.
Os pesquisadores testaram 31 tipos de bebidas, entre elas café, chá, sucos, energéticos e refrigerantes. Todas foram filtradas em laboratório e analisadas no microscópio.
“Encontramos uma presença onipresente de microplásticos em todas as bebidas quentes e frias que analisamos, o que é bastante alarmante”, disse Mohamed Abdallah, principal autor do estudo, ao jornal The Independent.
O resultado revelou que bebidas servidas em temperaturas mais altas continham muito mais microplásticos do que aquelas mantidas frias. O chá quente liderou o ranking, com 49 a 81 microplásticos por litro, mais que o dobro dos 24 a 38 encontrados no chá gelado.
O café quente ficou logo atrás, com 29 a 57 partículas por litro, contra 31 a 43 no café frio.
Copos descartáveis aumentam a contaminação
A pesquisa também apontou que o tipo de recipiente influencia diretamente na quantidade de microplásticos. O chá quente servido em copos descartáveis apresentou a maior concentração: 22 partículas por xícara, contra 14 quando preparado em recipientes de vidro.
“Isso confirma estudos anteriores que indicam que o calor aumenta a liberação de microplásticos das embalagens, sugerindo que bebidas quentes apresentam um risco maior de exposição”, afirmaram os autores.
Um dos grandes problemas na natureza é o acúmulo de plástico, que polui o meio ambiente e, a longo prazo, pode destruir a fauna e a flora. Pesquisadores descobriram um pequeno inseto no Quênia, país da África, que pode ser essencial neste combate e quebrar tais resíduos. Fathiya Khamis/Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetos do Quênia
De acordo com os cientistas, a larva-da-farinha (de tenébrios) pode mastigar o poliestireno e hospedar bactérias em seus intestinos que ajudam a quebrar o material. Tylwyth Eldar/Wikimedia Commons
Conhecido como isopor, o material plástico é utilizado em embalagens alimentícias, eletrônicas e industriais. Todavia, é difícil de quebrar e extremamente durável. Até porque os métodos tradicionais de reciclagem são caros e podem criar poluentes Stanford University
O experimento durou mais de um mês, e os pesquisadores alimentaram as larvas apenas com poliestireno ou com farelo (um alimento rico em nutrientes). O tenébrio é a forma larval do besouro escuro Alphitobius e tem um período larval entre 8 e 10 semanas. Stanford University
Os insetos que receberam poliestireno e farelo sobreviveram em taxas mais altas. Além disso, conseguiram comer o plástico de forma mais eficiente. Universidade de Queensland
Além disso, o estudo identificou que as entranhas de larvas alimentadas com poliestireno contêm níveis mais altos de Proteobacteria e Firmicutes, bactérias que podem se adaptar a vários ambientes e decompor uma ampla gama de substâncias complexas. Imagem de Dmitriy por Pixabay
Isso pode significar que a larva-da-farinha pode não ter naturalmente a capacidade de comer o material. Mas sim as bactérias que desempenham tal papel. Elas podem ser encontradas em galpões de criação de aves, que são quentes e podem oferecer um suprimento constante de alimentos. Imagem de Hans por Pixabay
Ainda de acordo com os cientistas, os insetos podem estar comendo o poliestireno porque ele é composto principalmente de carbono e hidrogênio, uma fonte de energia. cipe
As informações foram publicadas no "The Conversation", por Fathiya Khamis, cientista do Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetos do Quênia. icipe
Quando eles começam a ingerir plástico, as bactérias em seus intestinos podem ajudar a quebrá-lo. Uma descoberta que apoia a hipótese de que o intestino de certos insetos pode permitir a degradação do plástico. Imagem de Dmitriy por Pixabay
Diante dessa possibilidade, os pesquisadores defendem que isolar essas bactérias e as enzimas produzidas por elas pode ajudar a criar soluções microbianas para degradar os resíduos plásticos em maior escala. ICIPE
Boa parte do lixo produzido pelas pessoas demora muito para se decompor e não é destinado para reciclagem. Afinal, o mundo convive, atualmente, com a falta de espaço em aterros sanitários. Site The conversation
Diante disso, proliferam-se os lixões a céu aberto, contaminando a água dos rios e lençóis freáticos. Além dos lixos e resíduos que são abandonados em diversas áreas inadequadas e afetam a vida da população mundial. Imagem Pixabay
Vale destacar que o plástico no meio ambiente também pode dificultar a decomposição de outros resíduos, reforçando ainda mais a superlotação dos aterros sanitários. Imagem de GUDE PAVAN e de Rita-??? und ? mit ? por Pixabay
Aproximadamente, oito milhões de toneladas de plástico são descartados em nossos oceanos anualmente. Algo que de forma concreta pode desequilibrar o ecossistema marinho. Flickr Marahalim Siagian
Isso porque o plástico degrada-se em partículas menores, que são ingeridas por peixes e outros animais e aves marinhas. Essas espécies não têm capacidade de ingerir tal resíduo, que pode acarretar em mortes. Flickr Marahalim Siagian
As mortes de integrantes dessas espécies comprometem o ciclo reprodutivo, como é o caso das tartarugas marinhas e de aves, como pelicanos e albatrozes. Imagem de EKM-Mittelsachsen por Pixabay
O ritmo de produção e descarte não diminui e falta de políticas ambientais e educacionais para reduzi-las. Até 2050, existirão pelo menos mais 12 mil milhões de toneladas de plástico no meio ambiente. Flickr Ikhlasul Amal
Como o plástico das sacolas é feito com polietileno, substância originada do petróleo, sua decomposição libera gás carbônico e polui o ambiente, além de contribuir com o efeito estufa. Flickr MPCA Photos
Por fim, por todo esse cenário, a descoberta desta função para a larva-da-farinha traz a importância na busca pela quebra desses resíduos e a diminuição dos impactos do plástico. No entanto, políticas voltadas à educação e entendimento do meio ambiente se fazem extremamente necessárias. Agência Albany Imagens
Quanto plástico ingerimos sem perceber?
Mesmo as bebidas geladas não ficaram livres da contaminação. Os sucos de frutas apresentaram de 19 a 41 microplásticos por litro, enquanto energéticos variaram de 14 a 36. Os refrigerantes tiveram os níveis mais baixos, entre 13 e 21 partículas por litro.
Para estimar o impacto no consumo diário, os pesquisadores entrevistaram mais de 200 adultos britânicos. O levantamento concluiu que, apenas por meio das bebidas, mulheres ingerem cerca de 1,7 partículas de microplástico por quilo de peso corporal por dia, e homens, 1,6.
“Definitivamente deveria haver medidas legislativas. Eles estão por toda parte”, afirmou o pesquisador.
O que são microplásticos?
Os microplásticos são pequenos fragmentos de plástico, que variam de 1 nanômetro a 5 milímetros, resultantes da degradação de peças maiores por ações físicas e biológicas. Eles estão em produtos de limpeza, roupas, cosméticos, alimentos, bebidas e até no ar.
Nos últimos anos, cientistas já detectaram essas partículas dentro do corpo humano, inclusive em órgãos como pulmões, rins, fígado, cérebro e mesmo na placenta, levantando preocupações sobre seus efeitos na saúde.
Embora os efeitos exatos dos microplásticos no organismo ainda sejam estudados, pesquisas anteriores apontam que eles incluem: