Estilo de vida também influencia em quadros de infertilidade secundária, como obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool e uso de drogas -  (crédito: Freepik)

Estilo de vida também influencia em quadros de infertilidade secundária, como obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool e uso de drogas

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Para muitos casais, o sonho de ter um segundo filho é tão especial quanto o de ter o primeiro. A ideia de ampliar a família, oferecer um irmão ou irmã ao primogênito e compartilhar ainda mais amor e momentos felizes é um desejo comum. No entanto, para alguns, esse sonho esbarra em obstáculos inesperados. A infertilidade secundária, a dificuldade de conceber após já ter tido um filho, é uma realidade que afeta inúmeras famílias e muitas vezes não recebe a atenção necessária.

Segundo a médica da Clínica Origen, Maria Clara Amaral, a infertilidade secundária é uma condição real e tratável. Ela acredita que casais que enfrentam dificuldades para conceber novamente devem procurar avaliação e orientação especializada para identificar as causas e escolher o tratamento mais adequado. “A sociedade pode apoiar esses casais entendendo e esclarecendo que a infertilidade secundária necessita de atenção médica e não deve ser atribuída apenas a fatores emocionais”, orienta.



Ela explica que as causas da infertilidade secundária são semelhantes à primária, quando o casal tem o primeiro filho. “Em torno de 30% são causas femininas, em torno de 30% são causas masculinas, em torno de 25% ambos os casais estão envolvidos e em torno de 15% é uma infertilidade sem causa aparente, ou seja, tudo está normal e a gravidez não acontece”, diz. Entre as causas femininas, diversos fatores podem aumentar o risco de infertilidade secundária. “A idade é um fator crítico, pois a fertilidade feminina diminui com o tempo, especialmente após os 35 anos”, informa. Ela esclarece que o estilo de vida também desempenha um papel importante em quadros de infertilidade secundária. “A obesidade, o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e o uso de drogas impactam negativamente”.

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Há, ainda, outras causas, como alterações nas trompas de falópio, muitas vezes resultantes de infecções ou cirurgias anteriores e o histórico de infecções, especialmente infecções sexualmente transmissíveis, o que pode causar danos permanentes ao sistema reprodutor. Complicações em gestações anteriores ou múltiplos parceiros sexuais também aumentam o risco de problemas de fertilidade, conforme a médica. Além disso, a endometriose, caracterizada pelo crescimento anormal do tecido endometrial fora do útero, pode causar inflamação e cicatrizes que dificultam a fertilização.

As opções de tratamento para infertilidade secundária variam conforme a causa identificada. A indução de ovulação com coito programado é uma abordagem comum para casos de ausência de ovulação, estimulando a liberação de óvulos. Outra alternativa é a inseminação intrauterina, o que envolve a inserção de esperma diretamente no útero e é indicada em situações específicas. A fertilização in vitro (FIV) também pode ser adotada nesses casos. Trata-se de um processo em que os óvulos são fertilizados em laboratório e depois implantados no útero. Já para os casos em que a qualidade ou quantidade dos óvulos da mulher é comprometida, a doação de óvulos pode ser uma solução viável.

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A médica alerta que é importante desmistificar algumas crenças comuns sobre a infertilidade secundária. “Muitas vezes, atribui-se a dificuldade de conceber novamente à ansiedade ou ao estresse. Embora esses fatores possam afetar a saúde geral, a infertilidade secundária requer investigação médica detalhada. Esperar que tudo se resolva naturalmente sem diagnóstico pode resultar em perda de tempo valioso”, enfatiza. Segundo ela, mulheres acima de 35 anos devem buscar avaliação médica após seis meses de tentativas sem sucesso. “A crença de que já ter engravidado antes garante uma nova gestação é enganosa, pois novos fatores podem surgir e impactar a fertilidade, exigindo intervenções específicas”, diz.