Fumar é tão prejudicial ao organismo que altera o sistema imunológico de uma pessoa, deixando-a vulnerável ao aparecimento de doenças e infecções, mesmo anos após ter parado com o vício. -  (crédito: Freepik)

Fumar é tão prejudicial ao organismo que altera o sistema imunológico de uma pessoa, deixando-a vulnerável ao aparecimento de doenças e infecções, mesmo anos após ter parado com o vício

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Todos os anos, em 31 de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) celebra o Dia Mundial Sem Tabaco e visa destacar os riscos associados ao uso da substância. Fumar é tão prejudicial ao organismo que altera o sistema imunológico de uma pessoa, deixando-a vulnerável ao aparecimento de doenças e infecções, mesmo anos após ter parado com o vício.

De acordo com o Relatório de Tendências de Tabaco divulgado pela OMS, em 2000, quase metade dos homens, com 15 anos ou mais, eram usuários da substância, com uma taxa de prevalência de 49,1%. As projeções indicam uma queda para 32,9% até 2025 e para 30,6% até 2030.

Segundo o médico-cirurgião de cabeça e pescoço da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ullyanov Toscano, embora haja esforços para conter o uso, as metas estabelecidas não estão sendo alcançadas. “O relatório analisa dados desde 2000 até projeções para 2030. Apesar do progresso, ele fica aquém dos objetivos delineados no Plano de Ação Global para Doenças Não Transmissíveis (NCD GAP). A meta para população em geral, com 15 anos ou mais, visava alcançar uma taxa de prevalência de 18,4% até 2025. No entanto, o estudo sugere que a taxa atingirá 19,8% até o próximo ano, quase 1,5% acima do esperado”, explica o médico.

Além da dependência, o fumo causa quatro vezes mais doenças coronarianas e 12 vezes mais problemas de pulmão. “A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) afirma que o uso do tabaco é a causa de morte mais evitável do mundo e atualmente também é responsável pelo óbito de um em cada 10 adultos”, sinaliza o médico.

Sabe-se que o Brasil gasta R$ 125 bilhões por ano para combater doenças ligadas ao fumo, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O Ministério da Saúde alerta que essas enfermidades podem ser provocadas pelo tabagismo ativo ou pela exposição passiva à fumaça.

“É doença crônica causada pela dependência à nicotina, e está inserida no grupo de transtornos mentais, comportamentais ou do neurodesenvolvimento da Classificação Internacional de Doenças (CID11)”, comenta Ullyanov Toscano.

Só em 2023, o Inca registrou mais de 32 mil casos de câncer de traqueia, brônquios e pulmão. Os de pulmão e o consumo de tabaco estão relacionados em mais de 80% dos casos, estima o instituto.

Para Ullyanov Toscano, uma das maneiras mais eficientes de combater o tabagismo é através da conscientização. "Iniciativas como o Dia Mundial Sem Tabaco têm a função de levar informação, principalmente aos jovens usuários de cigarros eletrônicos. Os famosos vapes abrem as portas do tabagismo mais cedo na vida dessas pessoas, com malefícios ainda mais difíceis de serem tratados a longo prazo”, afirma o médico.

Adolescentes têm começado a fumar cada vez mais cedo por causa do mito que o cigarro eletrônico traz menos malefícios do que o convencional. Em abril, a Anvisa manteve a proibição dos dispositivos eletrônicos e revisou a regulamentação desses produtos no país. A atualização proíbe a fabricação, importação, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda dos mesmos. “O produto é mais nocivo do que se imagina”, alerta Ullyanov Toscano.