O número de óbitos de pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) provocados por doenças alcoólicas do fígado, entre janeiro e novembro de 2023, foi de 2.701 casos em todo o Brasil, 8% mais do que as mortes provocadas por tumores cancerígenos no órgão, no mesmo período, que teve registro de 2.497 casos - conforme dados divulgados pelo DataSUS.



Ainda segundo o levantamento, apenas 3% (100) dos pacientes que morreram por doenças alcoólicas tiveram atendimento eletivo, todos os outros buscaram atendimento hospitalar de urgência.

 

De acordo com o cirurgião de fígado e pâncreas do Instituto de Cirurgia Robótica do Paraná, Eduardo Ramos, existem três doenças que podem ser causadas pelo consumo excessivo de álcool, a esteatose hepática, a hepatite alcoólica e a cirrose hepática. “A esteatose é a gordura no fígado e pode ter diferentes causas, mas as principais são as bebidas alcoólicas e a obesidade, ela pode desencadear uma inflamação chamada esteatohepatite que, com o tempo, pode se tornar cirrose”.

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Além das doenças de fígado, o álcool pode causar outros problemas de saúde, como gastrite, úlceras e alterações psiquiátricas. “Apesar de a cirrose poder ter outras causas como hepatite B e C e doenças genéticas, o álcool ainda é uma causa frequente da doença”. 

SINTOMAS

Um grande sinal de alerta é que esta doença - na maioria das vezes - é silenciosa e a detecção acontece nos exames de rotina. O fígado tende a causar dor apenas em situações mais graves.

“Os sintomas podem envolver água na barriga, sangramento digestivo alto, confusão mental, alterações renais, perda de massa muscular e icterícia (olhos e pele amarelados)”, explica.

TRATAMENTO

Ainda segundo o cirurgião Eduardo Ramos, o tratamento é indicado conforme as necessidades individuais de cada paciente. “A primeira medida é sempre zerar o consumo de álcool, regular o peso, controlar o diabetes e tratar possíveis doenças associadas. O uso de medicamentos pode ser indicado e, em casos graves, pode ser necessária a cirurgia para remoção da parte do fígado prejudicado pela cirrose”.

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A plataforma robótica nas cirurgias que precisam ser retiradas partes do fígado pode ser utilizada para auxiliar no ‘desligamento’ desta região do restante do órgão e das demais estruturas do corpo, o que permite mais segurança e movimentos mais precisos.

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