O câncer de pele não melanoma é o mais prevalente no país, representando 31% de todos os tumores malignos. O sucesso no tratamento muitas vezes depende da identificação precoce de sinais suspeitos. O autoexame e o uso de aplicativos podem facilitar essa tarefa. Ambos não substituem a consulta ao dermatologista, mas incentivam o paciente a ficar atento à própria pele. “A inteligência artificial será um instrumento fundamental para o aprimoramento desses aplicativos”, preconiza o médico, cirurgião plástico da Oncologia D’Or, Guilherme Furtado.

O autoexame pode ser feito pelo método conhecido ABDCE, que é uma referência para identificar as potenciais mudanças em sinais e pintas. São elas: A=Assimetria, B=Borda, C=Cor, D=Dimensão e E=Evolução. Pessoas que possuem pintas com posições e bordas assimétricas, cores não uniformes, diâmetros superiores a 6 mm e que crescem devem buscar ajuda médica.



Para quem gosta de tecnologia, um aplicativo interessante é o UmSkinCheck, desenvolvido pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. O dispositivo permite ao usuário fotografar o corpo inteiro, rastrear lesões manchas, armazenar as imagens para acompanhamento e acessar vídeos e a literatura sobre câncer de pele. O aplicativo pode ser acessado gratuitamente pelo endereço https://play.google.com/store/apps/details?id=edu.umich.MySkinCheck. Ele opera pelos sistemas Apple e Android.

Prevenção e diagnóstico precoce

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que, em 2023, serão diagnosticados 220 mil casos de câncer de pele. A prevenção da doença inclui uma série de medidas, como evitar a exposição ao sol das 10h às 16h e o uso de protetor solar ou proteção física - chapéus, blusas de mangas compridas e barracas - mesmo em dias nublados. Outros fatores de risco para a doença são ter pele e olhos claros, ser albino, ter vitiligo, ter histórico familiar da enfermidade e fazer uso de medicamentos imunossupressores.

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Além de adotar as medidas preventivas, as pessoas precisam fazer consultas periódicas ao dermatologista para propiciar o diagnóstico precoce de lesões. Nos casos de pacientes com muitas pintas, pintas irregulares e histórico familiar de melanoma, o médico pode prescrever o exame de dermatoscopia confocal, que faz o mapeamento corporal da pessoa.

Tratamentos

O câncer de pele é dividido em melanoma e não melanoma. Embora acometa só 3% da população, o melanoma é mais preocupante por seu alto potencial de provocar metástase. Em casos iniciais, a lesão é retirada por meio de cirurgia. Os quadros mais avançados requerem um tratamento complementar com imunoterapia ou terapia alvo. Já o tumor não melanoma é mais frequente e dificilmente evolui para metástase. Por isso, o tratamento é basicamente cirúrgico. Em até 2% dos casos, causa metástase, necessitando de tratamento adicional à cirurgia.

Hoje existem terapias de última geração para tratar o melanoma. A imunoterapia, por exemplo, estimula o sistema imunológico a reconhecer e destruir as células cancerígenas. É o caso dos medicamentos pembrolizumab e nivolumab, indicados para melanoma em fase inicial e avançada. Esse ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou mais um imunoterápico (relatlimab combinado com nivolumab), que deverá ser comercializado em 2024.

Já os medicamentos da classe de terapia alvo funcionam como mísseis teleguiados que destroem o tumor, mas funcionam apenas para os pacientes que possuem uma determinada mutação em um gene chamado BRAF. Entre eles estão o dabrafenibe e o trametinibe, já amplamente utilizados no Brasil. Em 2023, houve o lançamento dos medicamentos encorafenib e binimetinib, ampliaram as alternativas de tratamento.

“Para a doença avançada, podemos combinar imunoterapia, como ipilimumab e nivolumab, e para pacientes com a mutação BRAF, temos a opção de oferecer também a terapia alvo”, explica a médica da Oncologia D’Or, Camila Jappour Naegele.

Paralelamente, a indústria farmacêutica está ampliando os arsenal terapêutico contra o câncer. Estudos apresentados em renomados congressos médicos revelaram bons resultado da vacina de neo-antigenos que é usada em combinação com pembrolizumab a fim de potencializar o efeito da imunoterapia em pacientes com melanoma. O imunizante usa o material conhecido por RNA mensageiro, o mesmo empregado na vacina contra a COVID. Ele é produzido de forma individualizada, a partir do material coletado na biópsia do paciente.

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