Cigarro aceso -  (crédito: Alexas Foto/Pixabay)

O cigarro é conhecido por causar uma série de danos à saúde; em relação aos ossos, os prejuízos se dão devido à diminuição da densidade mineral óssea, aumentando assim o risco de osteoporose

crédito: Alexas Foto/Pixabay

Uma série de estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) ao longo dos últimos quatro anos buscou entender quais são os efeitos do tabagismo no sistema musculoesquelético e nos ossos. Segundo as pesquisas, o cigarro modifica o metabolismo das células ósseas e a exposição ao fumo acelera a morte das células responsáveis pela produção da matriz - rica em colágeno do tipo 1 e responsável por dar resistência aos ossos.


O estudo foi inicialmente realizado em camundongos e posteriormente confirmada em estudo clínico com pacientes submetidos à cirurgia de quadril. Nela ficou claro que o cigarro ativa os osteoclastos, células responsáveis pela desintegração do tecido ósseo, enquanto as células produtoras de colágeno tipo 1 tornam-se menos ativas.

Ainda, de acordo com o documento, o processo inflamatório causado pela exposição à fumaça do cigarro também contribui para as mudanças estruturais em seu tecido ósseo e, mesmo em ex-fumantes, parte dos danos permanece. Sendo que há uma recuperação do volume do osso, mas com qualidade inferior. Além disso, estudos em andamento indicam que o tabagismo também causa danos às cartilagens das articulações, aumentando a morte das células responsáveis pelo colágeno tipo 2.


Segundo o ortopedista especialista em coluna vertebral e diretor do Núcleo de Ortopedia e Traumatologia (NOT), Daniel Oliveira, estudos como esse ajudam a compreender melhor como o tabagismo afeta a saúde em níveis mais profundos, indo além dos efeitos já conhecidos.


“Isso é crucial para conscientizar o público sobre os riscos associados a esse comportamento, que vai muito além do pulmão, bem como ajudar no desenvolvimento de intervenções e tratamentos mais eficazes, seja através de estratégias preventivas ou o estudo de novas terapias específicas para mitigar os danos causados pelo cigarro.”


Além disso, Daniel afirma que estudos como esse contribuem para a base de conhecimento científico, abrindo caminho para pesquisas futuras. “Novas perguntas e hipóteses podem surgir a partir dessas descobertas, levando a avanços contínuos na compreensão da relação entre o tabagismo e a saúde óssea”, comenta.

Ossos e cigarro

O cigarro é conhecido por causar uma série de danos à saúde. Em relação aos ossos, os prejuízos se dão devido à diminuição da densidade mineral óssea, aumentando assim o risco de osteoporose; à cicatrização mais lenta de fraturas ósseas, já que o tabaco compromete o suprimento sanguíneo para os tecidos; bem como ao aumento do risco de artrite, uma inflamação crônica associada que danifica as articulações e, indiretamente, impacta a saúde óssea.


“Ele interfere nos níveis hormonais, incluindo a diminuição de estrogênio em mulheres. Isso é relevante, pois esse hormônio desempenha um papel importante na manutenção da saúde óssea.”

Leia também: Doação de medula óssea é um ato de amor


Outro ponto destacado pelo ortopedista é que o tabaco faz com que pacientes possam ter uma taxa mais alta de complicações após cirurgias, já que a cicatrização e a resposta inflamatória podem estar alteradas devido a esse hábito. Além disso, o hábito pode aumentar o risco e agravar sintomas associados à hérnia de disco, o qual ocorre quando o material gelatinoso dentro do disco intervertebral se projeta para fora, pressionando os nervos espinhais e causando dor.


“Vale ressaltar que a relação entre o cigarro e a hérnia de disco é complexa, já que outros fatores, como genética, idade, atividade física e postura, também desempenham um papel significativo no desenvolvimento dessa condição. Parar de fumar pode trazer benefícios para a saúde em geral, incluindo a redução do risco de problemas na coluna vertebral. Caso o paciente esteja lidando com qualquer tipo de dor nas costas, é aconselhável consultar um profissional especialista na área para uma avaliação adequada.”