É fundamental que as mulheres visitem o ginecologista de confiança regularmente e façam os exames preventivos -  (crédito: Freepik)

É fundamental que as mulheres visitem o ginecologista de confiança regularmente e façam os exames preventivos

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O câncer de colo de útero é uma doença causada pelas infecções persistentes do vírus HPV (Papilomavírus Humano). Transmitido sexualmente, é o terceiro mais comum entre mulheres no Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma. E, apesar da grande incidência, há ainda muitas dúvidas sobre características, formas de transmissão, diagnóstico, entre outros aspectos. Veja mitos e verdades:

Ter HPV é igual a ter câncer

Mito. Nem todo o caso de infecção por HPV irá evoluir para câncer de colo de útero. “Desenvolvem o pré-câncer ou o câncer aquelas mulheres que tiverem uma infecção persistente por HPV, por determinados tipos desse vírus, e com condições imunológicas inadequadas. Na maioria dessas infecções, o próprio sistema imunológico elimina espontaneamente”, explica a médica especialista em ginecologia e patologia do trato genital inferior e presidente da Comissão Nacional Especializada de Trato Genital Inferior da FEBRASGO, Neila Speck.

Câncer de colo de útero pode não ter sintomas

Verdade. Na maioria dos casos, a doença pode ser assintomática. “Porém, com a evolução da doença, há situações em que ocorre sangramento irregular ou dor, sangramento e secreção vaginal anormal, dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais, sangramento menstrual mais prolongado, sangramento após a relação sexual e dores durante a relação”, alerta a médica.

O câncer de colo de útero não pode ser evitado

Mito. De acordo com Neila Speck, a doença é totalmente evitável, e pode ser prevenida com exames eficazes de diagnóstico e vacina.

Existe um exame de PCR para detectar o HPV que ajuda na prevenção do câncer do colo de útero

Verdade. “Atualmente, existem testes sensíveis que detectam a infecção por HPV mesmo antes mesmo do surgimento de lesões precursoras e do próprio câncer de colo de útero. Dessa forma, é possível saber se a mulher está em risco ou não de desenvolver a doença”, explica a especialista. São testes para identificação do DNA viral, conhecidos como teste de genotipagem de HPV, que utilizam uma análise de biologia molecular por PCR (reação em cadeia de polimerase). O exame permite que, quando o resultado da mulher dá negativo para todos os tipos de HPV de alto risco, pode aguardar cinco anos para refazê-lo.

Esses testes de biologia molecular são iguais ao Papanicolau

Mito. Os testes de PCR para HPV mostram se a mulher possui o vírus, e não necessariamente se já está doente. “O vírus pode estar quieto no organismo, o que chamamos de infecção latente, e nunca se manifestar. Sabemos que aquela mulher que fica com vírus latente por muitos anos pode estar em risco maior de desenvolver um câncer de colo de útero do que aquela que elimina o vírus. Então, o teste de biologia molecular é mais sensível e identifica a mulher já contaminada sem a doença. Por sua vez, o Papanicolau rastreia a presença de lesões pré-cancerosas, e não o vírus, e identifica a mulher que pode estar no começo do câncer de colo de útero, porém ele pode falhar no diagnóstico em até 50% das vezes”, afirma Neila Speck.

As vacinas também são eficazes na prevenção de câncer de colo de útero

Verdade. Além dos exames, as vacinas também são capazes de proteger contra alguns tipos de HPV. De acordo com Neila Speck, no Brasil, a vacina quadrivalente (que engloba quatro tipos de HPV) está disponível no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, imunodeprimidos (HIV, transplantados de órgãos ou medula, oncológicos), mulheres e homens até os 45 anos e pessoas que sofreram violência sexual até os 45 anos. A imunização deve acontecer, preferencialmente, entre nove e 14 anos, quando é mais eficaz, segundo o Ministério da Saúde. Já existe uma vacina que engloba nove tipos de HPV, porém esta vacina só está disponível em clínicas particulares. Em bula, essa vacina é aprovada para ambos os sexos de nove a 45 anos.

“Portanto, nós temos a prevenção primária com a vacina, e a prevenção secundária com o diagnóstico precoce por meio dos testes de alta performance, principalmente os de biologia molecular. Mulheres, visitem seus ginecologistas de confiança regularmente, e façam seus exames preventivos. E pais, levem seus filhos para se vacinar. A prevenção é a melhor forma de acabar com essa doença”, aponta a médica.