Jornalista Marília Gabriela veio a público contar que foi vítima da popular 'bexiga caída' -  (crédito:  Reprodução/Instagram)

Jornalista Marília Gabriela veio a público contar que foi vítima da popular 'bexiga caída'

crédito: Reprodução/Instagram

Você já ouviu falar em 'bexiga caída'? Para médicos e especialistas, é uma doença chamada de 'prolapso genital' e atinge em torno de 20% das mulheres. Com o envelhecimento da população, a sua prevalência tem sido cada vez maior, visto que em geral o mal atinge as mulheres após a menopausa ou, então, em alguns casos, depois de um parto normal.

Às vezes a enfermidade é assintomática, detectada apenas por meio de exames clínicos e/ou auxiliares (ultrassonografia transperineal ou ressonância magnética). Quando apresenta sintomas, a 'bexiga caída' costuma trazer desconforto, constrangimentos e até dores agudas. Podendo atingir diferentes órgãos da região pélvica e abdominal- bexiga, uretra, útero, vagina e o reto e intestino.

Recentemente, a doença veio à tona nas redes sociais e ganhou visibilidade por meio de um vídeo da jornalista Marília Gabriela. A também apresentadora e atriz tornou pública a cirurgia que precisou fazer por causa do prolapso genital. Marília admitiu que até então nunca tinha ouvido falar da doença. "Tive sintomas de um prolapso genital, que eu não conhecia", afirmou.

"Para quem ainda não sabe, trata-se da perda de sustentação dos órgãos", contou a jornalista. Marília também confessou que o pós-operatório "não está sendo muito agradável". Segundo ela, implica dizer que está tendo que "reaprender as funções intestinais". "Estou me acostumando comigo de novo. Novos hábitos. Tem linha de polipropileno (fio cirúrgico para suturas) lá por dentro", confidenciou.

Entenda

 ginecologista Liv Braga de Paula

A ginecologista Liv Braga de Paula explicou que o prolapso genital tem tratamento e prevenção

Arquivo Pessoal
Para entender o prolapso genital, a reportagem do Estado de Minas entrevistou a ginecologista e obstetra Liv Braga de Paula, da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais e professora da Universidade de Ciências Médicas de Minas Gerais, em Belo Horizonte. A médica explicou que o prolapso genital é "como se fosse uma hiernação". A hérnia está relacionada ao enfraquecimento da musculatura do tecido dos órgãos da região pélvica e, em alguns casos, chegam a se projetar de forma anômala.

A ginecologista disse que pelo fato de alguns casos serem assintomáticos é importante a prática da consulta ginecológica periódica. De acordo com Liv, as pacientes quando apresentam sintomas, em geral, se queixam de sensação "de peso, como se houvesse uma bola na vagina, com dor ou desconforto no baixo ventre".

As pacientes também reclamam de dificuldades para urinar e defecar, dentre outros sintomas que vão de leve a mais graves. Nesse último caso, os órgãos podem projetar-se para o canal vaginal ou através da abertura vaginal, provocando muita dor.

Além do desconforto, da sensação de “bola na vagina”, e da dor, a doença pode repercutir na qualidade de vida da mulher, podendo levar ao constrangimento, com diminuição de interações sociais, atividades físicas e até mesmo ao isolamento.

Outros sintomas recorrentes são a vontade de urinar a toda hora e/ou com incontinência urinária. Podem ocorrer também urgência em evacuar, dificuldade na relação sexual ou sensação de 'vagina larga'.


Causas

O prolapso genital tem a ver com o aumento da pressão intra-abdominal em decorrência de gravidez, obesidade, tosse crônica, constipação crônica (intestino preso), exercícios físicos intensos sem orientação adequada.

É comum ainda em casos de trauma ligados ao parto vaginal ( normal ou com uso de fórcipe),e, ainda, acidente com lesão de períneo ou até cirurgias prévias como histerectomia (retirada do útero).

Pesquisas científicas também apontam como causa do prolapso genital a deficiência de colágeno, o tabagismo, além dos efeitos fisiológicos decorrentes  da menopausa.

Prevenção

A médica e professora também esclareceu que há como fazer prevenção. Ela recomenda exercícios de fortalecimento do chamado 'assoalho pélvico' com a orientação de um fisioterapeuta.

Em casos de obesidade, a recomendação é de mudança de estilo de vida, com dieta indicada por nutricionista para emagrecimento e exercícios físicos orientados por profissional especializado.

Cirurgia

Mas em caso de cirurgia, a recuperação requer repouso, com recomendação para evitar grandes esforços ou atividade física. O objetivo é colaborar com a cicatrização provocada pela intervenção cirúrgica. Exames clínicos no pós-operatórios vão determinar a alta do repouso.

Também de acordo com a médica, não há necessidade de a paciente ficar acamada, a não ser o período da internação hospitalar, que normalmente não ultrapassa dois dias. A médica alerta que não é incomum a recidiva do prolapso genital.

Nesse caso, a fisioterapia de fortalecimento do 'assoalho pélvico' também é indicado depois de algum tempo da cirurgia, além de outros tratamentos complementares. Uma prescrição é o tratamento da hipotrofia genital ( ressecamento vaginal pós-menopausa e ou por um período depois do parto), com o uso de estrogênio tópico e/ou laserterapia e, ainda, e a utilização do pessário, um dispositivo intravaginal que pode ser manipulado pela paciente.

A médica finalizou a entrevista reiterando a recomendação da consulta ao menos uma vez ao ano para a prevenção do prolapso genital e de outras doenças que comprometem a saúde da mulher e podem se evitadas ou tratadas com um bom atendimento médico. Hoje, segundo a ginecologista entrevistada pelo Estado de Minas, em caso de cirurgia para prolapso genital, a fila de espera no Sistema Único de Saúde (SUS) está em torno de seis meses.