As últimas falhas nos aviões usados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagens oficiais levaram o petista a cobrar dos auxiliares que encontrem uma nova aeronave. Apesar dos apelos, a tendência, neste momento, é que a compra do novo Aerolula fique para 2027, caso ele seja reeleito.

O temor de auxiliares diretos de Lula é de que o anúncio da aquisição de um novo avião em 2026, ano de eleições, seja usado pela oposição como munição para rotular o presidente como gastador.

“Será preciso uma ‘operação’ de comunicação para transmitir que, de verdade, isso não é um capricho de Lula, mas uma necessidade. Não é para ter um avião mais luxuoso e, sim, mais seguro. E seguro não só para Lula, mas para outros presidentes que virão no futuro. Não é um avião do Lula”, defende um auxiliar do Palácio do Planalto.

Configurações executivas
Duas opções são avaliadas pelo governo: comprar uma nova aeronave ou uma usada, já adaptada com suíte, escritório, sala de reuniões e espaços para convidados. Estão na lista de opções um novo Airbus — o atual é do modelo A319CJ —, ou um avião que já serviu a um chefe de estado ou um monarca e que já esteja pronto para uso, sem necessidade de grandes adaptações.

As estimativas iniciais do Ministério da Defesa, da FAB (Força Aérea Brasileira) e do Planalto apontam para um custo mínimo de US$ 250 milhões (R$ 1,4 bilhão na cotação atual). Não há previsão orçamentária, neste momento, para a compra no avião em 2026.

Entre as opções em debate para a compra do avião está incluir a despesa no orçamento de R$ 5 bilhões do Ministério da Defesa, fora das regras fiscais. Se Lula determinar a compra no próximo ano, uma possibilidade é abrir um crédito suplementar com o envio de uma MP (Medida Provisória) ao Congresso. Por fim, o gasto pode ser incluído na proposta orçamentária de 2027 que será enviada ao Legislativo em agosto do próximo ano.

Em 2023, o Planalto chegou a considerar a aquisição de uma nova aeronave. A cúpula da FAB levantou, inclusive, opções no mercado — uma delas era um avião que havia pertencido a um bilionário do mundo árabe. O vazamento da informação fez a Presidência recuar no plano, com o mesmo temor de agora: o de que a aquisição pudesse impactar negativamente na imagem do presidente e do governo.

Perrengues aéreos
Depois disso, porém, Lula já passou por alguns apuros a bordo dos aviões que servem ao palácio. Em outubro do ano passado, ao voltar da posse da presidente mexicana Claudia Sheinbaum, ele e a comitiva tiveram que ficar sobrevoando por mais de quatro horas a Cidade do México por causa de um problema detectado pela tripulação logo após a decolagem. Foi preciso gastar o combustível para que o pouso de emergência, no mesmo aeroporto de onde a aeronave havia partido, ocorresse em segurança.

Em outubro deste ano, Lula precisou trocar de avião às pressas em uma viagem ao Pará, também por problemas técnicos. Depois do incidente, ele e a primeira-dama, Janja da Silva, foram rezar em uma igreja local. “Fui agradecer à Nossa Senhora de Nazaré porque aconteceu outro problema comigo no avião”, disse ele na ocasião.

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Avião principal da atual frota a serviço da Presidência, o A319 conhecido como Aerolula foi comprada em 2004, já no primeiro lula. O processo de aquisição foi deflagrado depois de um problema técnico ocorrido cinco anos antes, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, durante uma viagem do então vice-presidente da República, Marco Maciel.

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