Denúncia da PGR contra Juscelino: Lula age com cuidado para não melindrar União
Acusado de corrupção passiva, ministro das Comunicações foi indicado por Alcolumbre e Sarney. No entorno do presidente, expectativa é que ele peça demissão
Mais lidas
compartilhe
Siga noO presidente Lula vai agir com cuidado no caso da denúncia de corrupção passiva, e outros crimes, do procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra o ministro Juscelino Filho (Comunicações), para não estremecer a relação com o União Brasil. Um setor do partido avalia que a saída do ministro do cargo seria a melhor forma de preservar o governo e de garantir mais tranquilidade para ele fazer sua defesa, sem virar alvo das críticas da oposição.
Os dois avalistas de Juscelino são o presidente do Senado, David Alcolumbre, e o ex-presidente José Sarney. O ministro é deputado federal pelo União Brasil do Maranhão, estado do ex-presidente. A expectativa no Planalto é que próprio denunciado peça demissão para evitar o prolongamento do desgaste provocado pelo caso.
Na denúncia apresentada nesta terça, 8, pelo PGR, Juscelino é acusado de corrupção passiva e de outros crimes relacionados ao desvio de emendas no período em que era deputado federal. Ainda caberá ao STF a decisão de aceitar ou não a denúncia.
Interlocutores de Lula avaliam que são poucas as chances de Lula tomar qualquer decisão antes de retornar da viagem para Honduras, onde participa nesta quarta-feira, 9, da 9ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Lula já sinalizou em junho do ano passado, na época do indiciamento pela Polícia Federal, que o ponto para uma possível demissão deveria ser o momento da denúncia por parte do PGR. Em uma entrevista ao portal Uol, o presidente informou que não demitiu o ministro devido ao respeito que tem ao princípio da presunção de inocência. Na mesma conversa, porém, Lula disse que, se denunciado, o próprio ministro teria que rever essa posição.
Essa é a primeira denúncia de Gonet contra um membro do primeiro escalão do governo. Em nota, a defesa de Juscelino informou que agora, com a denúncia, ele tem “a melhor oportunidade para se colocar um fim definitivo a essa maratona de factoides que vem se arrastando por quase três anos, com a palavra final da instância máxima do Poder Judiciário nacional”.