O 2025 de Rui Costa, Padilha, Lewandowski e o futuro do governo Lula
Os desafios no 2025 de Rui Costa, Padilha, Lewandowski e o futuro do governo Lula
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Siga noO ministério de Lula tem desafios em diversas áreas, algumas maiores do que outras, mas poucos nomes têm mais urgência de melhorar suas performances à frente das pastas que lideram do que Rui Costa, Alexandre Padilha e Ricardo Lewandowski. E as entregas de cada um poderão ser determinantes para o sucesso ou o infortúnio de Lula (ou do escolhido para sucedê-lo) em 2026.
Dos três, o que menos responsabilidade tem pelas agruras de seu ministério é Alexandre Padilha. Fazer articulação política sob as regras atuais do jogo com o Congresso é tarefa inglória, tamanhas as amarras criadas pela distribuição das emendas parlamentares. Senadores e deputados na práticas têm à sua disposição orçamentos superiores à maioria dos municípios brasileiros, o que tira as armasde que tradicionalmente o Executivo dispunha para convencê-los a votar com o governo.
Agora, sob Hugo Motta e Davi Alcolumbre, Padilha será de fato testado na articulação política, já que eram claras as tentativas de Arthur Lira de sabotá-lo — basta lembrar que Lira chegou a pedir a Lula a cabeça do ministro. Se falhar em reduzir a hostilidade com o Congresso, Padilha poderá ser realocado para o Ministério da Saúde, hipótese que é defendida por partes do Centrão como algo a ser feito já na reforma ministerial de janeiro, mas vista como improvável pelo próprio Padilha e por outros ministros.
Perto dali, no vizinho Ministério da Justiça, a grande prioridade — e dificuldade — de Ricardo Lewandowski em 2025 será aprovar a PEC da Segurança Pública, que prevê o aumento de competências da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal e propõe a constitucionalização do Sistema Único de Segurança Pública. O grande embate é sobre a autonomia dos estados, que o ministro garante que será mantida. Se aprovada, o que hoje é algo bem difícil de ocorrer, a proposta será um legado da gestão de Lewandowski. Mas se falhar…
Se falhar, Lewandowski dará razão a quem foi contra sua nomeação. Segurança pública é hoje um dos temas centrais da polarização, e o governo de Lula já chegou à metade sem ter trazido para o dia a dia do cidadão algo concretamente novo na área. O programa Celular Seguro, da gestão de Flávio Dino, foi deixado de lado ao longo do ano e ressuscitado aos 45 de 2024, mas é pouco frente ao oceano de insatisfação do brasileiro com a violência urbana. Se falhar novamente em oferecer soluções, o governo levanta para a extrema direita cortar em 2026.
Mas, dos três, o que mais urgentemente precisa dar um choque de gestão em seu território é Rui Costa. O ministro é um consenso nada positivo entre seus pares e no Congresso. Em resumo, falta a Lula um chefe da Casa Civil. Cabe a quem está nesse cargo dar aos diversos braços do governo um senso de grupo, coesão, fazê-los marchar numa única direção. Para isso, teria que ter uma noção de todo que, mesmo quem gosta de Rui admite, não é o caso. Não bastassem as dificuldades de relacionamento com figuras centrais do governo, como Fernando Haddad, Rui parece, segundo quem lida no dia a dia com ele, ainda não ter desencarnado do cargo de governador. Fora a Bahia, ocupa-se principalmente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que não tem a pujança que teve nos outros governos petistas nem entregas capazes de recuperar a importância política do passado.
Politicamente, o foco de Rui em 2025 será mais restrito: deve investir em sua candidatura ao Senado pela Bahia. O ministro quer que o PT concorra às duas vagas do estado, com o senador Jacques Wagner buscando a reeleição e ele tentando a outra vaga. Os petistas não se mostraram preocupados com a recente queda na aprovação do governador Jerônimo Rodrigues: segundo a pesquisa Quaest, a aprovação caiu de 63%, em julho, para 54%, em dezembro. Com a chave do PAC na mão, o ministro tem como turbinar essas candidaturas — e assim fará. Mas deveria ter como foco fazer o governo Lula dar uma guinada que melhorasse as chances de reeleição.