Lula defende reforma da OMC após reunião com líderes do Brics
Presidente se posicionou contra medidas protecionistas. Ele também elencou uma série de demandas para destravar negociações sobre produtos agrícolas e a elaboração de novas diretrizes para o comércio mundial
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Siga noApós reunião com os líderes do Brics, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma reforma na Organização Mundial do Comércio (OMC) ao discursar na abertura da plenária sobre multilateralismo, economia e inteligência artificial (IA). Segundo o chefe do Planalto, as instituições, como o Banco Mundial e o FMI, praticam um "plano Marshal às avessas com países emergentes e subdesenvolvidos".
"Os fluxos de ajuda internacional caíram e o custo da dívida dos países mais pobres aumentou. O modelo neoliberal aprofunda as desigualdades. Três mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões desde 2015. Justiça tributária e combate à evasão fiscal são fundamentais para consolidar estratégias de crescimento inclusivas e sustentáveis, próprias para o século 21", disse Lula.
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Em abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, congelou verbas para a OMC. A contribuição norte-americana representava 11% do orçamento da organização. O presidente defendeu reformas na OMC para que o órgão atue contra medidas protecionistas.
Segundo o petista, a mudança seria um "eixo de ação imprescindível e urgente", disse. "A paralisia da OMC e o recrudescimento do protecionismo criam uma situação de assimetria insustentável para os países em desenvolvimento", ressaltou.
O combate ao protecionismo é uma das bandeiras levantadas pela Declaração de Líderes do Brics, documento publicado pelo bloco ontem. Na carta, o entendimento foi que as tarifas protecionistas "distorcem o comércio e violam o direito internacional". Além de criticar o protecionismo, o grupo reafirmou no comunicado o apoio a um sistema multilateral de comércio baseado em regras, aberto, transparente e justo.
Lula enfatizou a necessidade de restabelecer a confiança na OMC por meio de um "equilíbrio justo de obrigações e direitos", para destravar as negociações agrícolas e estabelecer um novo pacto sobre comércio e clima que diferencie políticas ambientais legítimas.
Conforme o presidente, o unilateralismo cria barreiras ao comércio. Ele disse que o Brics "trabalha por sistemas de pagamento transfronteiriços mais rápidos, baratos e seguros". "Não será possível restabelecer a confiança na OMC sem promover um equilíbrio justo de obrigações e direitos que reflita adequadamente o interesse de todos os seus membros", completou o petista.
Foco na IA
O presidente defendeu a ampliação da inteligência artificial para países em desenvolvimento. "Ao adotar a Declaração sobre Governança da Inteligência Artificial, o Brics envia uma mensagem clara e inequívoca. As novas tecnologias devem atuar dentro de um modelo de governança justo, inclusivo e equitativo", disse.
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Na avaliação do presidente, o desenvolvimento da IA não pode se tornar privilégio de apenas alguns países ou um instrumento de manipulação na mão de bilionários. "Tampouco é possível progredir sem a participação do setor privado e das organizações da sociedade civil", completou Lula.