ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

Deputada questiona PEC que acaba com referendo para privatizações

Beatriz Cerqueira pede revogação da tramitação da PEC por entender que ela fere a Constituição do Estado e o Regimento Interno da ALMG

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A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) apresentou, nesta quarta-feira (25/6), uma questão de ordem no plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 24/2023, de autoria do governador Romeu Zema (Novo).

A proposta busca eliminar a obrigatoriedade de referendo popular para a privatização da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), além de retirar a exigência de quórum qualificado, de três quintos dos deputados, para aprovação de projetos que tratem da venda das estatais.

A parlamentar sustenta que a proposta fere a Constituição do Estado e o Regimento Interno da ALMG ao retirar prerrogativas exclusivas do Legislativo. Ela pede que a tramitação da PEC seja interrompida e que a proposta seja arquivada.

"Virou moda, no último período, quando se discorda da Constituição do Estado, querer alterá-la. Ou seja, é um grande erro e é um grande mecanismo de desestabilização da nossa democracia. Toda vez que você discorda da Constituição, você não se esforça para cumpri-la, você se esforça para alterá-la", criticou a deputada.

Na avaliação de Beatriz, a PEC fere o princípio da separação entre os poderes, previsto nos artigos 60 da Constituição Federal e 6º da Constituição Estadual, que vedam a delegação de funções entre os poderes, salvo em hipóteses específicas. Ela também cita o artigo 62 da Constituição mineira, que atribui exclusivamente à Assembleia Legislativa a prerrogativa de autorizar referendos e convocar plebiscitos.

O referendo estadual foi instituído ainda na gestão de Itamar Franco, no contexto das discussões sobre a desestatização das empresas. A manutenção dessa exigência passou a ser vista, pelo Palácio Tiradentes, como um dos principais entraves à adesão do estado ao Programa de Pleno Pagamento de Dívida dos Estados (Propag), proposto pelo governo federal.

A PEC 24/2023 é considerada peça-chave da estratégia do Executivo mineiro para viabilizar a entrega de ativos, como a Cemig e a Copasa, em troca do abatimento de cerca de 20% da dívida com a União, hoje estimada em R$ 170 bilhões.

Contudo, a oposição afirma que o Propag tem sido usado como subterfúgio para que a gestão Zema avance no objetivo de privatizar as empresas estatais. A proposta deve voltar à pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ainda nesta quarta-feira.

Beatriz Cerqueira adiantou que pretende apresentar novamente seus argumentos para demonstrar a inconstitucionalidade da matéria. "Temos que zelar pela Constituição. Nenhum deputado foi eleito para promover alterações em cláusulas pétreas", disse. "Não fomos eleitos para propor ou aprovar mudanças que não cabem a este Parlamento".

Na questão de ordem protocolada, a parlamentar também cita precedentes de outros estados, como Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul, cujas constituições preveem exigências similares, inclusive referendos populares, para processos de desestatização.

Além de apontar que a proposta não poderia ter sido recebida formalmente pela Assembleia, a deputada também questiona o parecer favorável da CCJ. Ela solicita que a Mesa Diretora revise o ato de admissibilidade da PEC 24/2023.

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Caso a revisão não seja possível, requer o arquivamento imediato da matéria, com base no artigo do Regimento Interno que impede a tramitação de propostas consideradas incompatíveis com a ordem constitucional.

Na última tentativa de avanço da matéria na CCJ, a oposição ao governo Zema conseguiu obstruir a reunião e adiar a votação.

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