
Lula: "se o país gastar mais do que ganha vai quebrar"
Em entrevista a agências internacionais, presidente indica que, se necessário, novos cortes podem ser feitos mas reclamou da inocorrência do mercado que comemora a desoneração
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Siga noO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta segunda-feira (22/7) que se o país gastar mais do que arrecada “vai quebrar”, em referência ao corte de R$ 15 bilhões anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quinta-feira (18/7). Lula ainda indicou que, se for necessário, o governo pode ampliar os cortes se a arrecadação não corresponder às projeções da Fazenda.
"A gente só pode gastar aquilo que a gente ganha, se a gente gastar mais do que a gente ganha, a gente vai quebrar. O mesmo dinheiro que você precisa cortar agora, você pode não precisar cortar daqui a dois meses, depende da arrecadação", disse.
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As declarações foram dadas a agências internacionais como Reuters, Bloomberg, France Presse e Associated Press, na manhã desta segunda-feira em uma entrevista que durou cerca de uma hora e meia.
O presidente destacou também que essa não é a primeira vez que o governo faz cortes como esse, mas salientou que os mesmos que pedem mais cortes nos gastos também defendem a desoneração dos 17 setores empresariais com a folha de pagamento, o que considera contraditório.
"As pessoas que ficam felizes com bloqueio de dinheiro, de obras, são as pessoas que ficam felizes com a desoneração. Que vai custar 27 bilhões (de reais). Seria melhor não ter desoneração, que não precisava bloquear nada", apontou.
O anúncio da última quinta-feira apontou que o governo vai represar R$ 15 bilhões do Orçamento deste ano. Os ministros que integram a Junta de Execução Orçamentária (JEO), após reunião com o Lula afirmaram que o número é necessário para o cumprimento da meta fiscal, que autoriza um rombo de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), algo perto de R$ 29 bilhões.
Banco Central
O presidente também voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizendo que o atual responsável pela política econômica não é realmente autônomo e garantiu que o presidente do órgão nos seus dois primeiros mandatos, Henrique Meirelles, era mais independente.
"Como pode um rapaz que se diz autônomo, presidente do Banco Central, estar incomodado com o fato do povo mais humilde estar ganhando aumento de salário?", criticou Lula.
O Banco Central tem, desde 2021, autonomia, o que impede o presidente da República de substituir o dirigente antes do término do mandato. Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL), tem mandato até o dia 31 de dezembro. Sobre a escolha do substituto, Lula ainda não deu nenhuma dica sobre quem escolherá.
"Eu espero que a gente encontre uma pessoa que seja, do ponto de vista técnico, muito competente. Seja, do ponto de vista político, muito honesto e muito sério, e que seja uma pessoa que efetivamente ganhe autonomia pela sua respeitabilidade, pelo seu comportamento", disse.