A senadora Janaína Farias (PT-CE), chamada por Ciro Gomes (PDT) de "assessora de assuntos de cama", disse, nesta sexta-feira (12/4) que vai processar o pedetista. Segundo a parlamentar, esse tipo de violência não pode ficar impune. "Se não fizermos nada, outros homens podem se sentir confortáveis para continuar fazendo esse tipo de ataque às mulheres", afirmou Janaína, em entrevista ao jornal O Globo.


Janaína é a 2ª suplente do ministro da Educação, Camilo Santana, e assumiu o mandato no Senado no início de abril, após Augusta Brito, 1ª suplente, ter se licenciado por 121 dias para ocupar o posto de secretária de Articulação Política do Ceará.




Na semana passada, à rede A notícia do Ceará, Ciro disse: “Quem está assumindo o Senado Federal hoje? Sabe qual é o serviço prestado para ir ao lugar de Virgílio Távora, de Tasso Jereissati, de Mauro Benevides, de Patrícia Saboya, que tinha uma longa história de políticas sociais, pioneira da política de creche? Aí vai agora a assessora para assuntos de cama do Camilo Santana para o Senado da República? Onde é que nós estamos?".

 

 

A senadora relatou que ficou revoltada com a fala de Ciro. "Fiquei extremamente indignada. Apesar de conhecer o histórico deste senhor, não acreditava que pudesse chegar tão baixo. Acredito que as mágoas e derrotas que ele acumula terminaram por ser liberadas de forma violenta em um alvo que ele acreditava ser mais frágil: uma mulher. É lamentável que esse tipo de discurso ainda persista, principalmente vindo de alguém que há tantos anos está na política", destacou Janaína.

 

Violência política de gênero


Após a fala de Ciro Gomes, o Partido dos Trabalhadores (PT) publicou uma nota repudiando as declarações do político, classificando-as como machistas e misóginas. A legenda também destacou que a senadora foi vítima de violência política de gênero. "Infelizmente, o episódio vem na esteira do crime que mais cresce contra as mulheres que estão em cargos de poder e decisão", disse o partido.

 

A presidente do PT e deputada federal (PT-PR), Gleisi Hoffmann, também comentou a agressão contra a senadora. “Eu não queria, sinceramente, falar mais sobre Ciro Gomes, personagem cada vez menor da vida brasileira. Mas não posso me calar diante das ofensas a uma companheira, a senadora Janaína Farias (PT-CE). Ataque covarde, que merece nossa repulsa. Solidariedade à Janaína e a todas as mulheres que enfrentam o machismo e a misoginia na política e na vida", citou.

 

 

A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados explica que a violência política de gênero pode ser caracterizada como todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso, ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. As mulheres podem sofrer violência quando concorrem, já eleitas e durante o mandato.


"Essa violência é considerada uma das causas da sub-representação das mulheres no Parlamento e nos espaços de poder e decisão e prejudica a democracia no país', frisa a Secretaria.

 

 

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