O Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na Avenida Alfredo Balena, em BH, atende urgência e emergência -  (crédito: LEANDRO COURI/EM.D.A. PRESS)

O Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, na Avenida Alfredo Balena, em BH, atende urgência e emergência

crédito: LEANDRO COURI/EM.D.A. PRESS

 

Atendimento em situação de urgência ou emergência? Corra para o Hospital João XXIII, em BH. O Pronto-Socorro é referência em toda a América Latina na assistência médica a politraumatizados. Ciclista leitor dessa coluna passou nessa semana pelo sofrimento de um atropelamento noturno por ônibus no canteiro central da Avenida João Pinheiro. Além das escoriações, pois o nariz serve de para-choque em queda de bicicleta, teve fratura exposta na tíbia. Impossibilitado de contorcionismos pelo Samu, foi conduzido ao HPS.

O estropiado consolou-se com seu destino, sabedor de que o nosocômio é unanimidade na área da saúde pública. Nas dependências do HPS, comprovou em carne e osso o alto grau de experiência, técnica e gentileza do corpo médico e de assistentes, a despeito das precariedades do serviço gratuito. Às 23h, deu entrada no bloco cirúrgico.

“O pós-operatório mostrou padrão de qualidade. Abonados, remediados, imigrantes ou o pobre consumidor de crack são tratados no rigor da competência”, observou. A capital, portanto, abriga um centro de atendimento a politraumatismos e queimados de orgulhar a todos. Lugar merecedor de homenagens diárias por parte dos arautos da gestão e eficiência. O ex-deputado e ex-ministro da Saúde José Saraiva Felipe escreveu um livro sobre a importância do SUS no país, para si uma conquista do povo brasileiro e referência no mundo.


ATENÇÃO VELHINHOS

Os aposentados sofrem no país, pois ainda não se consolidou a ideia de que os idosos fizeram e as crianças irão fazer por uma sociedade melhor. São a velha e a nova geração encarnadas no passado e futuro, concomitantemente, dentro do princípio de respeitosa civilidade. Os inativos, por exemplo, são alvos de dezenas de entidades que no princípio de ano, quando do reajuste do salário mínimo, arrumam um jeito de lhes dar uma “mordida” a título de defesa de seus interesses. Poucos dentre os vários milhões de aposentados se dão conta disso, pois nem conferem o extrato da Previdência Social.


REFORMA DE BASE

O céus ameaçam desabar sob a cabeça dos fieis da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, localizada na Avenida Alfredo Balena, no Centro de BH. Nem tanto pelos pecados que a todos nós é dado cometer, mas por culpa de um teto para lá de centenário, com pinturas sacras, necessitado urgentemente de manutenção, tombado em seu aspecto arqueológico, etnográfico e paisagístico, desde 1979. O Iepha ostenta ali tabuleta anunciando a restauração do forro na nave central, com aporte de R$ 300 mil de emenda parlamentar, a partir de dezembro de 2022. Inconclusa em seis meses, como previsto, a obra hoje está orçada em R$ 2,5 milhões. Na expectativa de fazer algum dinheiro funciona na entrada da igrejinha um brechó, sua parte central encontra-se interditada e outra serve a celebração de missa. A edificação foi projetada e desenhada por Edgar Nascentes Coelho, em terreno doado pelo engenheiro Aarão Reis, chefe da Comissão Construtora da nova capital. As colônias católicas sírio e libanesa fizeram dali espaço de acolhimento.


MUTISMO MINEIRO

Banco Nacional, Banco Financial, Banco do Crédito Real, Unibanco, Banco do Estado de Minas Gerais, Minascaixa, Banco da Lavoura de MG, Banco Comércio e Indústria, Banco Mineiro do Oeste e outros. Extintas, essas instituições fizeram história na política financeira de Minas. Várias delas com sede no estado. Nos bons tempos da abundância em cornucópia, diziam que em Minas quem não era bancário era banqueiro.


COMPORTAMENTAL

João Guimarães Rosa, o grandioso literato de Cordisburgo, faz uma abordagem das mais interessantes em sua vasta obra tendo os mineiros por pano de fundo. Segundo o escritor, em território onde predomina o minério ferruginoso a melancolia forja o caráter. Já nas áreas escorregadias do calcário as pessoas ganham um certo ar de euforia.


IRMÃS SIAMESAS

A Faculdade de Direito da UFMG promoveu cerimônia de comemoração do sesquicentenário de criação do Tribunal de Justiça de MG com homenagem aos professores integrantes de ambas as casas. Hermes Guerrero, seu diretor, salientou, na ocasião, que ambas as instituições sempre marcharam na mesma direção, embora, às vezes, em calçadas diferentes. Para o professor emérito Humberto Theodoro Júnior, o direito e suas complexidades precisa ser submetido ao olhar amplo e menos tecnicista dos tribunais. A norma em vigência pede a regra do legislador, o fato concreto e os valores de época, justificou. O atual presidente da TJMG, José Arthur Filho, teceu elogios à Casa de Afonso Pena, com citação de vários professores-desembargadores, que abrilhantaram a alta corte do judiciário mineiro.


TURMA DO PERERÊ

No livro “Hélio Garcia - a arte mineira de fazer política”, de autoria do professor e jornalista Itamar de Oliveira, o desembargador Murilo José Pereira contou sobre o inusitado primeiro dia de aula da turma de direito na Faculdade da UFMG, ministrada pelo professor Caio Mário da Silva Pereira, em 1957. “Quem foi o artista que fez estes desenhos?”, indagou, ao encontrar o quadro preenchido em múltiplas ilustrações. Silêncio geral. No fundo da classe, um magricela sorridente e pouco intimidado levantou a mão. “Professor, quem fez os desenhos fui eu. Mas quem está dizendo que sou artista é o senhor. Sou de Caratinga. Meu pai quer que eu seja o primeiro doutor na família”. Ziraldo Alves Pinto, recém-falecido, deu início ali a uma carreira de inquestionável sucesso, distante de petições, ações e recursos, embora com o diploma de advogado. Ele preferiu servir à cultura brasileira com denodo e paixão nacionalista.

 

CORDEIRINHOS

Atazanado pelo infernal trânsito de BH, o motorista de táxi ainda matuta com os dizeres filosóficos de uma passageira que, entre resmungos e impropérios, dia desses soltou a seguinte pérola: “Tem gente que faz filho na gente, depois não conhece a gente”.