Bolsonaro abraça Malafaia durante a manifestação: religioso fez discurso menos cauteloso -  (crédito: Mauro Pimentel/AFP)

Bolsonaro abraça Malafaia durante a manifestação: religioso fez discurso menos cauteloso

crédito: Mauro Pimentel/AFP

A Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi palco ontem de mais um ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cálculo feito pelo grupo de pesquisa 'Monitor do debate político', da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, estimou o público presente em 30 mil pessoas. A margem de erro é de 12%, para mais ou para menos.

 

 

Com a recente tensão entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, o discurso feito por Bolsonaro, de cerca de 40 minutos, foi marcado pela defesa da "liberdade de expressão".

 

O empresário se tornou alvo do inquérito das fake news, relatado no Supremo por Moraes, após chamá-lo de ditador e afirmar que algumas determinações judiciais brasileiras, sem citar quais, estariam em desacordo com o Marco Civil da Internet e a Constituição. Bolsonaro definiu Musk como "um homem que teve a coragem de mostrar para onde a nossa democracia estava indo". "Quando estive com Elon Musk, em 2022, começaram a me chamar de 'mito'. Eu disse 'não, aqui, sim, temos um mito da liberdade: Elon Musk", comentou.

 

 

Bolsonaro se defendeu da acusação de que teria planejado um golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e disse que nunca jogou "fora das quatro linhas da Constituição", que não elaborou "minuta do golpe" alguma e que "estado de sítio é proposta que um presidente pode submeter ao Congresso". 

 

Para o ex-presidente, o "sistema" não teria gostado do trabalho desenvolvido pelo governo e "passou a trabalhar contra a liberdade de expressão". Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal por fraude em cartões de vacinação e a investigação aponta que o episódio teria ligação com a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro do ano passado, quando manifestantes golpistas atacaram as sedes dos Três Poderes. Evitando complicar a situação do ex-presidente, a organização do evento pediu que os participantes não levassem faixas ou cartazes.

 

 

O cuidado para não infringir decisões da Justiça fez o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, discursar antes de Bolsonaro subir ao carro de som. Eles também se hospedaram em locais diferentes. Moraes proibiu, em fevereiro, que Bolsonaro, o presidente do PL e outros investigados pela PF por tentativa de golpe de Estado, se comunicassem. Valdemar afirmou que o Rio é o estado em que o PL é mais forte. Ao listar os nomes da sigla pelo estado, o senador Romário acabou sendo vaiado.

 

O ato, que não deixou de ter um tom eleitoreiro, foi marcado pelos elogios do presidente do PL ao vereador e filho do ex-presidente Carlos Bolsonaro. "Vocês e Bolsonaro fizeram do PL o maior partido do Brasil. Agradeço a todos vocês. Deus, pátria, família e liberdade", declarou.

 

 

Valdemar e Bolsonaro evitaram ataques diretos ao STF e a orientação era que os apoiadores não levassem nenhuma faixa ou cartaz, buscando não piorar a situação do ex-presidente com a Justiça. A ideia do PL é que eventos como o de ontem se repitam em outras cidades até a chegada das eleições municipais, como confirmou Valdemar. "Não posso ficar com Bolsonaro no palanque. Mas isso vai passar. Vamos conseguir reverter essa situação em breve. Não tenho problema nenhum com o Judiciário. Então, eles vão ter que me liberar. Isso atrapalha o andamento do partido em ano de eleição", lamentou.

 

Malafaia

 

O pastor Silas Malafaia, um dos principais organizadores e financiadores das manifestações pró-Bolsonaro, foi menos cauteloso e distribuiu críticas a Moraes e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em um discurso inflamado. O pastor da Assembleia de Deus avaliou o documento encontrado na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, de minuta do golpe foi "safadeza", a "maior fake news da história política do Brasil" e que teria sido "capitaneada pelo grupo Globo".

 

 

O evento contou com cerca de 32,7 mil pessoas, como apontou o Monitor do Debate Político, ferramenta da Universidade de São Paulo (USP). A margem de erro é de 12%, para mais ou para menos. O público ontem equivale a 18% dos 185 mil presentes no ato anterior, em fevereiro, na Avenida Paulista, em São Paulo — os organizadores, no entanto, calculam que 1 milhão de pessoas participaram do ato na capital paulista.