Para o antropólogo Juliano Spyer, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) é um exemplo do que deve ser estudado pela esquerda brasileira. Em coluna na Folha de S. Paulo, intitulada "O que Nikolas Ferreira ensina sobre jovens periféricos?", Spyer argumenta a necessidade de olhar para o deputado para além das suas habilidades no ambiente digital. 

 



 

Spyer buscou analisar como o deputado consegue atrair tantos jovens para a política. Ele cita o episódio recente em que Nikolas Ferreira foi convidado para a cerimônia do governo federal em que foram lançados os Institutos Federais.

 

"Algumas dezenas de estudantes se comprimem para abraçar, tietar e fazer selfies com o deputado Nikolas Ferreira. Essa foi a notícia principal do evento no Palácio do Planalto, na semana passada, para anunciar a abertura de novos institutos federais. "Nikolas hackeou o evento", analisou o antropólogo da UFRJ Rodrigo Toniol. 'Ele fez os holofotes da mídia se virarem para ele e desarmou todo mundo ao aparecer em uma cerimônia do governo'.", pontuou o antropólogo. 

 

 

Para o pesquisador, Nikolas não é e não deve ser visto apenas como um "moleque". "A esquerda precisa estudar Nikolas para além da forma como ele usa a internet. Filho de pastor, retórica é uma disciplina acessível a ele desde cedo. Ele também encapsula valores e sonhos de superação de muitos jovens periféricos hoje. Em um contexto em que as esquerdas vêm envelhecendo e se distanciando do Brasil real, Nikolas já está trazendo outros jovens para a política", disse.


"Outro trunfo do jovem deputado: ele vem da favela e não fez disso uma bandeira. (...) O pastor Guilherme de Carvalho é de Belo Horizonte, trabalhou no ministério comandado pela hoje senadora Damares Alves e, a meu pedido, consultou outros líderes sobre o motivo do apelo de Nikolas. Um deles respondeu: 'Jovens estão cansados de uma cultura de incertezas' em relação, por exemplo, a temas como gênero e sexualidade. 'Eles buscam gente que diga o que é certo, sem reservas.' Para outro, Nikolas 'incorpora os princípios do bolsonarismo sem rodeios e comunica uma imagem de jovem corajoso, politicamente incorreto, que põe o dedo nas feridas da esquerda'.", escreveu o antropólogo.

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