Políticos ligados ao PL, PT, PSD e PSDB estão entre os que articulam uma pré-candidatura à Prefeitura de Uberlândia -  (crédito: Danilo Henriques/Secom/PMU – 22/2/21)

Políticos ligados ao PL, PT, PSD e PSDB estão entre os que articulam uma pré-candidatura à Prefeitura de Uberlândia

crédito: Danilo Henriques/Secom/PMU – 22/2/21

Com cerca de 2,4 milhões de habitantes, a mesorregião compreendida pelo Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba é a terceira mais populosa de Minas Gerais e integrada por cidades com grande peso econômico para o estado. Em ano eleitoral, essa combinação de fatores mobiliza partidos e parlamentares de olho nas prefeituras e na formação de cabos eleitorais para o pleito nacional em 2026.

A partir deste domingo (3/3) e nos próximos dois dias, o Estado de Minas publica uma série de reportagens sobre a pré-campanha em três das mais importantes cidades dessa região: Uberlândia, Uberaba e Araxá – essas duas últimas com publicação na segunda-feira (4/3) e terça-feira (5/3). Nos próximos fins de semana, a série prossegue abordando a pré-campanha em outros grandes municípios do estado.

 

Uberlândia prepara sucessão

Uberlândia chega ao ano eleitoral com o dilema de descobrir quem será o novo prefeito após dois mandatos de Odelmo Leão (PP) à frente da segunda cidade mais populosa do estado, com mais de 710 mil habitantes. O atual chefe do Executivo foi eleito pela primeira vez em 2016 ainda no primeiro turno com 72,05% dos votos. No pleito seguinte, ele repetiu a dose levando a disputa na primeira votação contando com a predileção de 70,47% dos eleitores.

Neste contexto, o maior polo do Triângulo Mineiro tem atualmente quatro nomes para uma possível disputa eleitoral para a cadeira de prefeito em 2024. O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL), a deputada federal Dandara Tonantzin (PT), o deputado estadual Leonídio Bouças (PSDB) e o vice-prefeito do município, Paulo Sérgio (PSD).

Desses, apenas Caporezzo ainda não se coloca como pré-candidato, ainda que diga estar à disposição do partido. Todos os demais afirmam que estarão na disputa por chamados dos partidos e de eleitores.
Dandara, que em 2020 foi eleita para vereadora, conseguiu vaga no Congresso em 2022 com mais de 86 mil votos e se tornou candidata natural do partido para a disputa em Uberlândia, muito pela pela rapidez de ascensão entre casas legislativas local e nacional.

Ainda assim existiam dúvidas com relação à indicação da deputada para a disputa, que foram dissipadas em 16 de março, quando ela divulgou a vontade dela e do PT. “Sou uma mulher de luta partidária, então, é muito importante ter alinhamento do partido em nível municipal, estadual e federal. Sentamos para conversar e o nosso nome construiu uma unidade”, disse.

O PT esteve na Prefeitura de Uberlândia entre 2013 e 2016, por meio do governo de Gilmar Machado. O mandato teve percalços de aprovação e isso foi levado em consideração, segundo Dandara. Sabemos que houve problemas de gestão, mas é momento de apontar para uma agenda de futuro, não sou uma candidata que vai ficar presa eternamente para defender A ou B, vou ser uma candidata que vai apresentar projeto para a cidade, soluções para problemas”, afirmou. Ela disse ainda que o partido fará pesquisas para ter a real dimensão de rejeição da legenda no município.

A chegada de Dandara à disputa está diretamente ligada à possível candidatura de Caporezzo. Em entrevista à imprensa local, o parlamentar disse que estaria na disputa caso a petista também estivesse. Ainda fora oficialmente da disputa, ele não descarta apoio a outro quadro. “Apoio até um cachorro para que o PT não entre na Prefeitura de Uberlândia”, afirmou à reportagem do Estado de Minas.

 

Rápida ascensão

Caporezzo também teve ascensão rápida da Câmara de Uberlândia, para a qual foi eleito em 2020 como o candidato mais votado, até a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em 2022, com mais de 52 mil votos. Os números das urnas fortaleceram seu nome para o pleito encabeçando uma potencial chapa do PL. “Ainda tenho que ter algumas reuniões para me oficializar como pré-candidato. Mas tenho o apoio do partido e do presidente Jair Bolsonaro”, afirmou, ressaltando que a potencial entrada na corrida eleitoral ainda passa por alianças com outros partidos.

 

 

Vice-prefeito do governo de Paulo Ferolla nos anos 1990, Leonídio Bouças aposta no fato de ser veterano da política local e estadual como um dos trunfos para a disputa pela cadeira de prefeito. “(O atual prefeito) Odelmo Leão e eu somos os políticos de maior longevidade em Uberlândia e isso traz segurança ao eleitor”, explicou. Inclusive, com a impossibilidade de Leão de se candidatar ao cargo mais uma vez, o campo está aberto para outros nomes. “Como dizia o antigo prefeito Virgílio Galassi, político tem vez e estou na fila há muito tempo, acho que chegou minha vez”, afirmou.

A atuação do Legislativo em Uberlândia é uma demonstração de força do tucano dentro do município. Mais de um terço dos vereadores da cidade, ainda no fim de 2023, todos ligados a Bouças, montaram um novo bloco na casa que se junta frequentemente com a oposição ao prefeito Odelmo Leão e consegue obstruir pautas que são consideradas relevantes pela situação. Uma demonstração de força do deputado.

 

Aproximação

Paulo Sérgio, vice-prefeito de Uberlândia, liga sua imagem a Leão apontando que existe um aprendizado de gestão pública com o atual prefeito nos últimos oito anos, quando estiveram à frente do Executivo. Mas Odelmo ainda não apontou um apoio irrestrito ao vice. “Não posso falar por ele, mas represento o grupo que ele lidera e esperamos que no momento certo ele tome a posição dele. Estamos aguardando e esperamos o apoio dele. Nós estamos no governo juntos”, disse o nome apontado pelo PSD.

O vice-prefeito salienta que existe uma costura ampla de partidos que podem compor com ele durante a eleição de 2024, contando com 13 vereadores que apoiam sua candidatura e que sua experiência fora da política o ajudaria no governo. “Estou ao lado do prefeito Odelmo há 20 anos na gestão efetiva da cidade e tenho qualificação como engenheiro, administrador e empreendedor. Temos um projeto de desenvolvimento para garantir, emprego, bem estar social, renda e com diversidade”.

 

Problemas palpáveis

Fora da chamada polarização nas atuais disputas eleitorais, que localmente seria representada pelo embate entre Caporezzo e Dandara, Bouças e Sérgio afirmaram que os eleitores de Uberlândia não estariam interessados em disputas ideológicas, mas sobre o cotidiano da cidade e resolução de problemas palpáveis, como saúde e emprego.

Na eleição presidencial de 2018, Jair Bolsonaro venceu na cidade com 63,03% dos votos no segundo turno. Mesmo tendo perdido na tentativa de reeleição de 2022, o ex-presidente voltou a ser maioria nas urnas uberlandenses com 53,12% dos eleitores o escolhendo para a frustrada recondução.

 

Últimas eleições em Uberlândia

  • 2012 - 1º Turno (Prefeitura)
    Gilmar Machado (PT): 68,72% - 236.418 votos
    Luiz Humberto Carneiro (PSDB): 28,08% - 96.607 votos
    Gilberto Cunha (PSTU): 3,20% - 11.014 votos

 

  • 2016 - 1º Turno (Prefeitura)
    Odelmo Leão (PP): 72,05% - 250.390 votos
    Alexandre Andrade (PSB): 16,63% - 57.807 votos
    Gilmar Machado (PT): 10,28% - 35.727 votos

 

  • 2020 - 2º Turno (Prefeitura)
    Odelmo Leão (PP): 70,47% -228.390 votos (Eleito)
    Adriano Zago (PDT): 12,21% -39.584 votos
    Thiago Fernandes (PSL): 9,17% - 29.727 votos
    Arquimedes (PT): 5,20% - 16.861 votos

 

  • 2018 (Presidente da República)
    Jair Bolsonaro (PSL): 63,03% - 218.367 votos
    Fernando Haddad (PT): 36,97% - 128.070 votos

 

  • 2022 (Presidente da República)
    Jair Bolsonaro (PL): 53,12% - 215.660 votos
    Lula (PT): 46,88% - 190.299 votos