A citação à “minuta do golpe” por Jair Bolsonaro (PL) em seu discurso na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), neste domingo (25/2), deve ser usada pela Polícia Federal (PF) no inquérito que apura uma suposta organização criminosa, responsável por orquestrar um plano de golpe de Estado.

Para investigadores da corporação, a declaração de Jair Bolsonaro pode complicar a situação do ex-presidente na investigação, isso porque a fala pode ter sido uma confirmação de que ele tinha conhecimento da minuta do golpe. As informações são do jornal O Globo.



No discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro, no qual ele fez menção à suposta minuta de um golpe, ele minimizou o documento. Para o ex-presidente a minuta não é motivo para o acusá-lo. Ele ainda insinuou que o documento seria constitucional.

Para policiais federais envolvidos no caso, a intenção de Bolsonaro era sustentar que não houve tentativa de golpe, no entanto, para os agentes, ele acabou admitindo que o documento existia. Segundo os investigadores, a transcrição da fala do ex-presidente deve ser incluída no inquérito.

Bolsonaro: ato na Paulista reforça investigação de minuta golpista, diz PF

"Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de Estado de Defesa. Golpe? Usando a Constituição? Tem que ter uma santa paciência... Golpe usando a Constituição", declarou Jair Bolsonaro a milhares de apoiadores.

Depoimento

 

Quatro dias antes do ato na Avenida Paulista, o ex-presidente optou por ficar em silêncio ao ser questionado pela PF sobre a sua participação no plano de golpe de Estado.

"Deixo claro que o estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Apesar de não ser um golpe, o estado de sítio não foi convocado, nem os conselhos da República nem da Defesa foram consultados. O segundo passo do decreto do estado de sítio é enviar uma proposta para o Parlamento", declarou.

O documento conhecido como "minuta do golpe" foi encontrado inicialmente na casa do ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro Anderson Torres, em janeiro de 2023. O texto decretava "Estado de Defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral", com o intuito de "garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022".

compartilhe