O presidente defendeu a prerrogativa do partido de lançar um candidato e que ninguém pode decidir se lançar apenas por ser branco ou mulher ou negro ou indígena -  (crédito: SERGIO LIMA/AFP)

O presidente defendeu a prerrogativa do partido de lançar um candidato e que ninguém pode decidir se lançar apenas por ser branco ou mulher ou negro ou indígena

crédito: SERGIO LIMA/AFP

FOLHAPRESS - O presidente Lula (PT) aproveitou seu discurso no ato de filiação da ex-prefeita Marta Suplicy, nesta sexta-feira (2/2), para fazer uma série de críticas ao partido e cobrar mais empenho dos militantes.


 

Afirmou ainda que na eleição de 2022 houve candidatos petistas sem dinheiro até para produzir panfletos porque "o fundo eleitoral foi cooptado por deputados que têm mandato". E disse que os que ficassem com raiva da declaração poderiam procurá-lo.

 

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Num discurso inflamado, que quebrou o clima de festa na Casa de Portugal, na região central de São Paulo, ele cobrou reflexão sobre a queda no número de prefeituras conquistadas e disse que não é para ficar olhando os defeitos do governo.

 

Lula disse à plateia que militantes de esquerda "perdem muito tempo" criticando o governo e falando com eles mesmos sem "ir para as periferias desse país conversar com as pessoas que foram enganadas pelo bolsonarismo". Ele emendou ataques às fake news, inclusive aquelas espalhadas "por alguns pastores evangélicos".

 

"Por que um partido que teve 20% de preferência eleitoral teve 5% de voto na legenda para vereador? Alguma coisa está errada", afirmou ao comentar resultados eleitorais no país em geral.

 

O presidente defendeu a prerrogativa do partido de lançar um candidato e que ninguém pode decidir se lançar apenas por ser branco ou mulher ou negro ou indígena.

 

O petista, que atribuiu sua trajetória vitoriosa na política a "um milagre", disse que sua prioridade agora é o PT.

 

"Eu tenho 78 anos, sou presidente pela terceira vez, já fiz mais coisa do que eu achei que fosse fazer. E agora eu quero salvar esse partido, que é a coisa mais importante. Por isso a minha ideia de trazer Marta de volta."

 

Vice de Boulos

 

A ex-prefeita foi convidada por Lula para ser vice de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Em seu discurso no evento lotado de militantes, Marta evitou abordar seu rompimento com o PT em 2015 e tratou a filiação como uma espécie de volta para casa.

 

O presidente, no entanto, falou sobre a saída de Marta e as críticas dela ao PT na época --a ex-prefeita argumentava que a corrupção estava corrompendo os ideais da sigla. "O PT cometeu erros. Nem todo mundo é obrigado a suportar a quantidade de erros que a gente cometeu."

 

Lula trouxe o nome de Dilma Rousseff (PT) ao evento, ao lembrar que Marta queria ser candidata à Presidência em 2014, mas ele achava que a então presidente tinha o direito de concorrer à reeleição. "Depois aconteceu o que a gente sabe", disse o presidente, em referência ao impeachment.