Falando em nome dos governadores, Fátima enfatizou que a punição aos vândalos não é

Falando em nome dos governadores, Fátima enfatizou que a punição aos vândalos não é "revanchismo"

crédito: Ed Alves/CB/D.A Press

Ao contrário de 2023, quando, depois da depredação promovida pelos bolsonaristas às sedes dos Três Poderes, os 27 governadores vieram a Brasília reafirmar o compromisso com a democracia e a Constituição, na solenidade que lembrou a tentativa de golpe de 8 de janeiro, vários deles fizeram questão de deixar de lado o engajamento demonstrado no ano passado. Questões político-partidárias e ideológicas falaram mais alto do que o comprometimento com o Estado Democrático de Direito. Ao todo, 14 governadores não compareceram.

Na longa lista de ausentes, Ibaneis Rocha (MDB) — que manteve as férias com a família e se fez representar pela vice Celina Leão; e os bolsonaristas Tarcísio de Freitas (SP), Jorginho Melo (SC), Cláudio Castro (RJ) e Romeu Zema (MG) — que chegou a dizer que viria, mas deu meia-volta depois de ser pressionado por correligionários do Novo.

Os únicos governadores do Sul e Sudeste presentes foram Eduardo Leite (RS) e Renato Casagrande (ES). O chefe do Poder Executivo gaúcho disse ter deixado as férias na Bahia para estar em Brasília e afirmou que a presença no ato de celebração pela democracia não tem nada a ver com "ideologia".

Leite salientou que "não interessa se (ele) é de esquerda ou de direita" e sua presença não teve a ver com "governo Lula ou conotação política eleitoral". "Temos que celebrar nossa democracia e deixar muito bem registrado que não deixaremos passar qualquer tentativa de golpe no nosso país", afirmou.

Pedagogia

Todos os chefes estaduais do Nordeste compareceram. Fátima Bezerra, governadora do Rio Grande do Norte, foi escolhida para falar em nome dos representantes na cerimônia. Ela afirmou que a punição para os envolvidos na depredação das sedes dos Três Poderes não se trata de "vingança ou revanchismo", mas, sim, de "ato pedagógico".

A governadora foi aplaudida ao defender que sejam punidos não somente os que participaram ativamente da balbúrdia, mas, também, "os que financiaram, organizaram, incitaram a tentativa de golpe". "Por isso que, com coragem e lucidez, é necessário afirmar, sim: sem anistia", exortou. Para Fátima, o 8 de janeiro foi "infame".

A governadora Raquel Lyra (PE) se esquivou de comentar a ausência dos colegas. "O ato de hoje (ontem) se sobrepõe a qualquer bandeira partidária, qualquer discussão política e eleitoral, e perpassa os valores fundamentais do nosso Estado Democrático de Direito, o respeito às instituições e à democracia e àqueles que representam legitimamente o nosso povo", explicou.

Ao deixar a cerimônia, o governador Helder Barbalho (PA) disse que o evento representou "a afirmação da democracia". Questionado sobre a ausência de representantes de outras unidades da Federação, esquivou-se afirmando que a presença dependia da agenda de cada um, mas tem certeza de que todos defendem a democracia.

Ministros presentes


Se entre os governadores, 14 não compareceram à solenidade que lembrou a tentativa de golpe de Estado, um ano depois, dos ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, todos estiveram presentes. Entre eles, há a certeza de que a democracia brasileira está fortalecida e que, agora, os desafios são outros.

"A população brasileira adquiriu a democracia como bem inalienável. Esse ato é para marcar a história. O que esteve em risco no Brasil, para valer, foi a democracia, e ela não pertence a um partido — pertence ao povo brasileiro", avaliou o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Para ele, não pode haver anistia para os golpistas do ano passado.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, avaliou que o último ano foi de reconstrução. "O presidente Lula foi muito corajoso, muito rápido, logo após os atos do 8 de janeiro. Tudo foi retomado, com as forças de segurança, com os Três Poderes, para que a gente pudesse ter a tranquilidade de um regime democrático", avaliou.

Para Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social e Assistência Social, Família e Combate à Fome, a partir de agora, será momento de focar em outras prioridades. "Com democracia, temos condições de trabalhar para que, em 2024, a gente possa avançar com aquilo que interessa de verdade ao povo: educação, saúde, segurança, renda, cuidar de quem mais precisa", garantiu.

Já o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar — que é deputado licenciado —, diminuiu a importância da ausência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Mas criticou quem não compareceu. "Dão sinal negativo para a sociedade. Estamos na defesa da Constituição e da democracia", afirmou.