14/09/2023 Credito: Ed Alves/CB/DA.Press. Politica. Depoimento General Dutra na CPMI do dia 8 de Janeiro. Na foto, Nikolas Ferreira.  -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)

14/09/2023 Credito: Ed Alves/CB/DA.Press. Politica. Depoimento General Dutra na CPMI do dia 8 de Janeiro. Na foto, Nikolas Ferreira.

crédito: Ed Alves/CB/DA.Press

O deputado federal (PL-MG) Nikolas Ferreira foi condenado, em decisão de segunda instância, por transfobia contra a deputada Duda Salabert (PDT-MG). Nesta terça-feira (5/12), por unanimidade, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) manteve a denúncia e a exclusão da indenização de R$ 80 mil para R$ 30 mil. O processo se refere a uma discussão entre o bolsonarista e a parlamentar, em 2020, em que ele se referiu a ela por pronomes masculinos, mesmo sendo alertado que a deputada se apresentava como mulher. 

À época, os dois eram vereadores de Belo Horizonte. A primeira instância, que correu na 33ª Vara Civil da Comarca de Belo Horizonte, argumentou-se que, por Duda Salabert se apresentar como mulher, tendo alterado seu nome e mudança para o gênero feminino, as declarações de Nikolas ao jornal Estado de Minas "esbarram no direito à honra, à dignidade e à autodeterminação da autora".

 

Em outra entrevista, também ao EM, o político afirmou que não temia ser processado por não reconhecer Duda como mulher, e respondeu: “É biologia. Eu não estou falando algo que eu acho. Ele é um homem. E é importante deixar claro que não existe nenhuma criminalização com relação à biologia. Simplesmente estou falando aquilo que a ciência diz. Por favor, me aponte onde eu tive uma atitude homofóbica e onde há jurisprudência ou qualquer ordenamento jurídico que diz que fui transfóbico”. 

Na decisão da Comarca de Belo Horizonte, o juiz também ressaltou que a questão "biológica" não deve ser acolhida, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) permite que a pessoa transgênero possa alterar o nome e o gênero nos documentos e que é um "direito do ser humano de buscar a integridade e apresentar-se à sociedade como de fato se enxerga". 

Pronome errado


A reincidência no tratamento com pronomes masculinos também foi destacada pelo Comarca. "Os fatos narrados são incontroversos e estão acompanhados de documentos que comprovam as palavras proferidas pelo necessário que, por sua vez, não neguem os acontecimentos, mas sustentam estar amparados pelo direito à liberdade de expressão e à manifestação religiosa. Contudo, tais direitos, assim como todos os direitos fundamentais, não são absolutos e podem ser restringidos quando colidirem com outros direitos". 

Nas redes sociais, Duda Salabert comemorou a decisão e ironizou seu adversário político: “Estou aguardando o pix na minha conta”, escreveu. Um parlamentar também afirmou que a medida fará com que Nikolas “aprenda a respeitar as travestis”, disse a deputada.

 

O Correio entrou em contato com a assessoria do deputado Nikolas Ferreira, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto para a manifestação do parlamentar.